Por Artur Horta
Os frigoríficos brasileiros JBS (JBSS3), Marfrig (MRFG3) e BRF (BRFS3), que estão entre as maiores empresas de alimentos do mundo, apresentaram balanços duramente machucados pela queda do dólar e pela dinâmica de preços e ciclo das proteínas no exterior, que levaram a perdas no segundo trimestre.
A JBS apurou um prejuízo de R$263,6 milhões, revertendo lucro de R$3,95 bilhões em igual período do ano anterior. O TC Consenso, calculado junto a bancos de investimento e casas de análise, esperava um lucro de R$324,5 milhões para a líder global em proteínas.
A Marfrig teve perdas de R$784 milhões, ante um lucro de R$4,26 bilhões no ano passado, sobretudo pela queda dos resultados na América do Norte e pela participação na BRF, que registrou um prejuízo de R$1,33 bilhão. Para a maior exportadora de carne frango e suína do país, o TC Consenso esperava um prejuízo de R$502, 5 milhões.
De acordo com balanços divulgados nesta segunda-feira pelas três empresas, todas registraram quedas na receita líquida e no lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, conhecido como EBITDA na sigla em inglês.
“No trimestre, as margens de carne bovina na América do Norte sofreram impacto relevante em relação ao ano anterior, como consequência do ciclo de gado na região, reduzindo a disponibilidade de animais para abate e aumentando o custo”, disse a JBS em trecho do balanço.
A companhia, que atua com praticamente todas as proteínas animais e em todos os continentes, disse ainda que foi afetada pelo aumento de oferta de aves no mercado global e pela queda de cerca de 14% do dólar ante o real.
Uma dinâmica parecida postergou por ao menos mais um trimestre a esperada recuperação da BRF. A das marcas Sadia e Perdigão disse que o resultado foi “bastante afetado pelo preço das proteínas, especialmente frango, que segue fragilizado em diversas localidades comprometendo a rentabilidade do portfólio ‘in natura’ globalmente”.
A Marfrig, que possui grande parte da operação dependente da proteína bovina nos Estados Unidos, passou por uma “tempestade perfeita”. Entre abril e junho, o cenário se traduziu em maior custo do gado, menor preço de venda nas exportações e redução no preço de subprodutos.
Dada a dinâmica cíclica que caracteriza o setor de frigoríficos exportadores, o mercado deve estar atento às teleconferências de resultados das três companhias amanhã, buscando entender se o pior já ficou para trás.
No balanço, a JBS afirmou que observa um cenário de maior equilíbrio na oferta de aves e já está capturando a queda dos preços do milho na estrutura de custos, “condição que também beneficia o negócio de suínos”. Na proteína bovina, as boas notícias vêm da Austrália, onde houve uma melhora no ciclo de oferta de gado.
A BRF disse que a recuperação do índice de confiança do consumidor no Brasil, a queda do desemprego e a redução da inflação estimulam o consumo do seu portfólio de processados.
A Marfrig, por sua vez, espera conseguir ampliar a diversificação de receitas e geografias à medida que chega à fase de maturidade dos seus investimentos em produtos com marcas de maior valor agregado.