Por: Bruno Andrade e Luciano Costa
A Vale (VALE3) reportou balanço do terceiro trimestre em geral em linha com as previsões do mercado, com lucro acima do previsto e resultado operacional levemente abaixo, mas surpreendeu com o anúncio de dividendos acima do esperado, segundo relatórios de bancos e analistas.
A mineradora divulgou na noite de ontem balanço que mostrou lucro líquido de US$2,8 bilhões, enquanto o TC Consenso esperava ganho de US$2,63 bilhões no período. O Ebitda ajustado foi de US$4,1 bilhões, ante US$4,6 bilhões do TC Consenso. A companhia também anunciou o pagamento de US$2 bilhões em proventos extraordinários e um novo programa de recompra de ações.
O valor que será distribuído aos acionistas surpreendeu positivamente a equipe do BTG Pactual, que projetava que a Vale distribuiria US$1 bilhão em dividendos extras até o final do ano, um número que já estava acima dos consensos de mercado.
“Os dividendos e as recompras foram os principais destaques”, escreveram analistas do Goldman Sachs, ao apontar que esperava uma distribuição extraordinária da companhia apenas no primeiro trimestre de 2024.
O Goldman projeta reação neutra do mercado aos números da Vale, enquanto o JP Morgan espera uma possível reação levemente negativa.
A redução mostrada pela Vale no custo-caixa de seu minério de ferro foi outro ponto destacado por analistas.
“Acreditamos que os resultados de hoje atenuam parcialmente as preocupações com custos para a Vale, com o novo anúncio de dividendos de US$ 2,0 bilhões refletindo o conforto da empresa na geração de fluxo de caixa e na conclusão da transação da Vale Metais Básicos”, escreveram Lucas Laghi, Guilherme Nippes e Fernanda Urbano em relatório da XP.
Após o balanço, a corretora manteve sua recomendação neutra para o papel da mineradora, com preço-alvo em R$73, uma potencial alta de 11,8% na comparação com o fechamento de quinta-feira.
“Reiteramos nossa recomendação neutra devido às expectativas mais baixas para os preços do minério de ferro no futuro. Além disso, a Vale já está precificando preços mais baixos do minério de ferro em seu portfólio”, explicaram os analistas.
Já Matheus Bicalho Sanches, analista do grupo Ticker Research, comentou que a ação da Vale pode ser atrativa para o investidor que busca ganhos com dividendos e não tem a intenção de vender o ativo no médio prazo.
“A Vale tende a distribuir um yield superior a 8% ao ano, o que é um bom patamar na minha opinião, dado o crescimento esperado em metais básicos para os próximos anos”, afirmou.
Segundo Sanches, o preço da ação oferece uma boa “assimetria em relação ao que ela paga em dividendos”. Por isso, o ativo fica interessante mesmo que o minério de ferro não suba para além dos patamares atuais.
“Claro que estamos falando de commodities. Para que a tese faça sentido é necessário que não vejamos uma queda relevante de preços do minério de ferro além do que é praticado hoje”, concluiu Sanches.
Ontem, as ações da Vale fecharam em alta de 2,14%, a R$65,30. O avanço aconteceu justamente após a empresa anunciar o pagamento de dividendos antes do fechamento do mercado.