Por: Patrícia Lara
O tom volta a ser de cautela no exterior nesta sexta-feira antes de uma série de balanços de grandes bancos americanos à luz do impacto da quebra de duas instituições bancárias regionais nos Estados Unidos. Os resultados também podem balizar os ajustes das expectativas sobre o posicionamento do Federal Reserve, o banco central americano, após o alívio em dados recentes de inflação dar fôlego para a ainda minoritária aposta de que o ciclo de alta da taxa de juros deve terminar. Vários dados de atividade da economia americana previstos para hoje também contribuem no ajuste.
Retratando o ambiente cauteloso, os futuros dos índices acionários americanos recuam nesta manhã. Entre os grandes bancos que devem apresentar seus resultados antes da abertura do pregão de Wall Street hoje estão o JPMorgan, Citi e Wells Fargo.
Já a rodada de indicadores nos EUA que serão divulgados nesta manhã tem foco na atividade econômica. As vendas do varejo de março é o principal destaque e deve mostrar contração de 0,4% em março, depois da queda similar em fevereiro. O dado sai às 9h30. No mesmo horário, será divulgado o indicador de preços das importações de março. A produção industrial de março, que sai às 10h15, e a confiança ao consumidor da Universidade de Michigan preliminar de abril, às 11h00, completam a agenda de dados americana.
No mercado de câmbio, o Índice Dólar DXY, que mede a variação da moeda americana ante principais divisas pares, prolongava o recuo da véspera, rondando os 100 pontos, o menor nível em um ano. O índice caminha para a quinta queda semanal seguida diante da ampliação da aposta de que o BC dos EUA deve parar o aumento da taxa de juros. Na renda fixa, as taxas curtas dos títulos do Tesouro americano subiam, enquanto a taxa dos papéis de 10 anos tinham leve queda.
No Brasil, os contratos de dólar futuro encerraram a sessão da última quinta-feira na B3 em ligeira alta, em movimento de ajuste após uma sequência de quedas, mas ainda abaixo do patamar de R$5,00, com investidores aumentando o apetite por risco diante do diferencial de juros da economia brasileira. Já o dólar comercial encerrou em queda pelo terceiro dia consecutivo, perdendo 0,27%, a R$4,9275 na venda. O investidor estrangeiro reduziu de forma expressiva suas posições contra o real no mercado de derivativos brasileiro, o que justifica, em grande medida, a forte valorização da moeda brasileira vista nos últimos dias.
Mesmo com o recuo do dólar, o que ajuda no controle da inflação doméstica, o Banco Central foi rápido e já anunciou a rolagem dos contratos de swap cambial com vencimento em 1° de junho de 2023, quando vence um montante de US$15,0 bilhões (299.050 contratos). A rolagem prevê a realização de leilões diários de swap tradicional e compreenderá o período necessário para que todo o estoque vincendo em junho seja renovado, informou o BC. A primeira operação de rolagem dos contratos de junho será hoje, com oferta de até 16 mil contratos de swap.
No front das commodities, o minério de ferro prolongou a queda de preço na Bolsa chinesa de Dalian observada na véspera. "O minério de ferro ampliou suas perdas enquanto a China planeja limitar a produção de aço para 2023. Isso é uma resposta à recuperação mais lenta da demanda e para reduzir as emissões", disseram estrategistas de commodities da ANZ em nota. Apesar da demanda branda, a taxa de utilização da capacidade dos altos-fornos operados por 247 siderúrgicas chinesas sob pesquisa semanal da Mysteel atingiu uma alta de 22 meses de 91,8% esta semana, disse a consultoria e provedora de dados, segundo matéria da Reuters.
Do lado da oferta, uma tempestade de categoria 5 atingiu a costa noroeste da Austrália, mas poupou a região na qual está o maior centro de exportação de minério de ferro do mundo, em Port Hedland.
Na política brasileira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se encontrou hoje com o líder da China, Xi Jinping, em Pequim, desfilando ao lado dele na frente de tropas chinesas. Ambos os líderes assinaram 15 novos acordos bilaterais e falarão à imprensa às 08h40.
Na agenda de dados doméstica, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulga o volume de serviços prestados no Brasil em janeiro, às 9h00, depois de o varejo surpreender positivamente, enquanto a produção industrial do mesmo mês caiu 0,3% em um resultado pior do que o esperado.
MERCADOS GLOBAIS
O futuro do petróleo Brent para entrega em junho subia 0,30%, a US$86,35 o barril.
O contrato de ouro para entrega em junho cedia 0,20%, a US$2.051,30 a onça-troy.
O minério de ferro cedeu 0,8% na bolsa chinesa de Dalian, a 768,50 iuanes, ou o equivalente a US$112,30 a tonelada, caminhando para encerrar a semana com perda de cerca de 3%.
O Bitcoin subia 1,47% nas últimas 24 horas, a US$30.980; o Ethereum avançava 5% no mesmo período.
MERCADOS LOCAIS
O índice EWZ, ETF que replica as ações brasileiras no exterior, subia 1,26% no pré-mercado americano.
Os contratos de juros futuros na B3 ficam a reboque da reação do dólar e da curva americana após forte queda registrada na quinta-feira.
DESTAQUES
O investidor estrangeiro reduziu de forma expressiva suas posições contra o real no mercado de derivativos brasileiro, o que justifica, em grande medida, a forte valorização cambial vista nos últimos dias. Segundo o sócio e gestor da Armor Capital, Bruno Martins, dados da B3 mostram que a posição comprada em dólar estrangeiro atingiu a máxima de US$47,9 bilhões em 23 de março, e desde então, esse volume e já caiu cerca de US$13 bilhões. (Scoop by Mover)
Diante de um ambiente favorável a emergentes, em razão do diferencial de juros e de uma perspectiva de juro terminal mais baixo nos EUA, Martins, da Armor, aposta que o câmbio pode testar mínimas próximas a R$4,80 ao longo de abril, período em que o fluxo de dólares fica sazonalmente positivo. Até o fim do ano, porém, o gestor trabalha com a cotação em torno de R$5,10. (Scoop by Mover)
O PT pressiona o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para evitar que o texto final do arcabouço fiscal, que deve ser encaminhado para o Congresso Nacional na próxima semana, contenha travas para investimento público, como planeja a equipe econômica. (O Estado de S. Paulo)
A temporada de balanços trimestrais nos EUA contará nesta sexta-feira com a divulgação dos resultados do JPMorgan, do Wells Fargo e do Citigroup que, em conjunto, poderão apontar para as condições da economia americana e do mercado de crédito após a falência de dois bancos regionais no mês passado. O consenso Mover projeta lucro líquido por ação de US$1,70 para o JPMorgan. A projeção para o Wells Fargo é de lucro de US$3,41 por açõe e para o Citi, de US$1,12. (Mover)
A BlackRock já divulgou seu resultado hoje. O lucro líquido do primeiro trimestre da maior administradora de recursos do mundo caiu 19% ano a ano, para US$1,1 bilhão, diante de margens apertadas, mercados fracos e taxas de desempenho mais baixas. A receita caiu 10%, para US$4,2 bilhões, em relação ao mesmo período do ano anterior. No entanto, os ativos sob gestão subiram para US$ 9,1 trilhões. No entanto, eles estão bem abaixo do pico de US$ 10 trilhões no final de 2021. (Financial Times)
Dados da Refinitiv indicam que o lucro líquido por ação dos seis maiores bancos dos Estados Unidos do primeiro trimestre devem recuar 10% na comparação ao mesmo período de 2022, de acordo com estimativas. A maioria das instituições deve reportar lucros trimestrais mais baixos e enfrentar uma perspectiva mais desafiadora para o resto do ano, em razão da crise bancária e da perspectiva de desaceleração da atividade econômica. (Reuters)
A Europa também traz sinais de descompressão das pressões inflacionárias. Na Alemanha, o índice de preços no atacado desacelerou pelo sexto mês seguido, para 2% em março, o menor patamar dese janeiro de 2021, e ante 8,9% no mês anterior. Na Suécia, a inflação atingiu o menor patamar em sete meses, desacelerando para uma taxa anual de 10,6% em março, ante 12% no mês anterior. O resultado ficou abaixo do consenso de 11,1%. (Agências)
O Comitê de Pessoas da Petrobras opinou favoravelmente à indicação, pela União, de Efrain Cruz para vaga no conselho e para presidência do colegiado, desde que ele renuncie ao cargo de secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, devido a potenciais conflitos de interesse. A empresa disse que a Comissão de Valores Mobiliários, CVM, avaliou os indicados da União, Pietro Mendes e Sergio Rezende, como inelegíveis para vagas no conselho. (Mover)
A Marisa Lojas aprovou três emissões de debêntures, no valor de R$30 milhões cada, com compromisso de subscrição destas por membros da família Goldfarb, fundadora e controladora da companhia. Decio Goldfarb, Marcio Luiz Goldfarb e Denise Goldfarb deverão subscrever a totalidade das emissões, com vencimento em 2030. (Mover)