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Publicado em
23/1/23 17:01

Mercado questiona rapidez com que executivo descobriu e anunciou rombo

Muitos vêem conflito de interesses em sua atuação em múltiplos cargos e conselhos
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O Brasilianista


Em 2017, Sérgio Rial, então CEO do Santander, desceu de grande altura pendurado em uma corda e fantasiado de Homem-Aranha perante 40 mil funcionários do banco. Era a festa de fim de ano da empresa, realizada em um estádio de futebol.

Agora, no início deste ano, dias depois de assumir o cargo de CEO das Lojas Americanas, o acrobático Rial “descobriu” um rombo de R$ 20 bilhões e deixou a empresa. A atitude parece correta.  Afinal existem 140 mil acionistas da empresa que foram enganados. O problema é que a teia de interesses de Rial embute potenciais conflitos.

Curiosamente, nos poucos dias em que esteve à frente das Americanas, Rial foi também conselheiro do Santander; consultor da 3G, acionista das Americanas; e conselheiro da Confederação Nacional das Instituições Financeiras.

Embora tenha denunciado a potencial fraude nas Americanas, disfarçada de contabilidade criativa, Rial fica em situação desconfortável na história. Tanto por acumular posições potencialmente conflitantes quanto por não ter feito, no período de ambientação para assumir o cargo de CEO, o dever de casa de examinar as contas da empresa.

Consta que Rial teria descoberto a potencial fraude por ter sido alertado por funcionários das Americanas. Mas, segundo fontes do varejo, a “inconsistência” descoberta era grotesca para não ter sido descoberta antes. Assim, para o mercado financeiro, existem perguntas ainda sem respostas, tais como:

. Sendo CEO do Santander, por que Rial não checou a situação das Americanas antes de assumir?

. Por que não saiu do conselho do Santander antes de assumir o novo cargo?

. Por que aceitou ser consultor da 3G quando já estava contratado pelas Americanas?

. Por que, mesmo saindo de um posto executivo no Santander, prosseguiu com posição na Confederação Nacional das Instituições Financeiras?

. Por estar ligado, simultaneamente, a um dos bancos credores, ser consultor de acionistas e CEO das Americanas, não haveria um prévio acerto para conciliar as inconsistências/fraudes descobertas?

. Como é possível Rial não ter desconfiado dos movimentos de venda de ações de diretores das Americanas após o anúncio de sua contratação?

. Por que Rial não avisou a 3G da situação das Americanas antes de vir a público e tentar criar uma solução em conjunto com os principais acionistas?

No fim das contas, Sérgio Rial pode ser o herói que desvendou uma das maiores fraudes do mercado brasileiro. Mas, sem dúvida, essas perguntas, ainda sem respostas, podem incomodar.

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