Por Bruno Andrade
A Unipar (UNIP6) entrou para a disputa pela Braskem (BRKM5) após oferecer R$ 36,50 por ação da petroquímica, mostra documento da Braskem enviado ao mercado nesta segunda-feira (12). A concorrência pela compra das ações é com o fundo Apollo, que já havia proposto pagar R$ 47 por papel.
No entanto, a proposta do fundo Apollo prevê o pagamento de apenas R$ 20 à vista, o restante seria R$ 20 em debêntures perpétuas emitidas pelos veículos adquirentes, com taxa de 4% ao ano. Já os R$ 7 restantes seriam pagos na forma de “warrant”.
As duas ofertas são para comprar as ações da Braskem que pertencem a Novonor, ex-Odebrecht. A empresa entrou em recuperação judicial em meio aos escândalos da operação Lava Jato. E agora a empreiteira busca vender sua participação na petroquímica para pagar suas dívidas.
Para analistas do BTG Pactual, mesmo que a oferta do fundo Apollo aparente ser mais atrativa no valor final, o fato dela pagar menos dinheiro à vista pode não ser tão interessante.
"Justamente por isso, a oferta da Unipar é assim 22% superior à Apollo/Adnoc e oferece 43% alta para o preço de fechamento de sexta-feira das ações da Braskem", afirmaram Pedro Soares e Thiago Duarte, que assinam o relatório.
Já para Pedro Wilson Domingues, sócio da Nexgen Capital, outro fator que mostra que a proposta da Unipar é melhor é o fato da companhia ter um plano de redução da dívida da empresa.
"A oferta do fundo Apollo ainda não possui nenhum plano de ação para o longo prazo da Braskem. Já a Unipar tem a proposta de reduzir o endividamento da Braskem após a compra, por isso, a aquisição da Unipar prevê um plano de redução da dívida da petroquímica", explicou Domingues.
Enquanto isso, a equipe de análise da Levante Corp acredita que a experiência da Unipar no setor de atuação da Braskem é outra vantagem.
"A Unipar já opera ativos petroquímicos tanto no Sudeste quanto na Argentina e tem muita experiência no setor de atuação onde a Braskem é a líder na América do Sul. As administrações das empresas também são mais próximas quando comparadas com investidores internacionais – como é o caso da Apollo – o que pode facilitar a conclusão do acordo", explicaram os analistas da Levante.
Por volta das 15h50, as ações da Brakem subiam 6,79%, a R$ 27,35. Já os papéis da Unipar avançavam 3,74%, a R$ 74,63.
Ainda que a união entre Unipar e Braskem seja a favorita pelo mercado. Os analistas comentam que a Petrobras pode ser a grande antagonista da história e atrapalhar a união entre as duas empresas.
Segundo Arlindo Souza, analista do TC Matrix, a maior probidade de conclusão do negócio é da Petrobras exercer seu direito de compra das ações da empresa. A estatal é prioritária para comprar essas ações, independente do valor oferecido pelas concorrentes.
"Até o final do ano passado, acreditávamos que a Petrobras não ia querer essas ações. Todavia, com a mudança na gestão do governo, vemos que a estatal deve querer essa participação acionária, o que deixa a compra da Unipar muito remota", disse Souza.
Por fim, Ricardo Schweitzer, analista independente, ressaltou que a Petrobras pode não ser a única a atrapalhar a união tão desejada pelo mercado. A proposta da Unipar também precisa ser aprovada pelos banco credores da Novonor.
"O negócio precisa passar pelo crivo dos bancos credores da Novonor, que detêm a participação do grupo baiano na Braskem a título de garantias", conclui Schweitzer.