Por Luciano Costa e Ana Luiza Serrão
A Orizon (ORVR3) voltou a avaliar aquisições de aterros sanitários que poderiam ser concluídas no primeiro semestre de 2024, uma vez que espera terminar o ano com baixa alavancagem, disse à Mover o diretor-presidente da empresa, Milton Pilão Jr.
A companhia de valorização de resíduos também está otimista com a perspectiva de criação de um mercado regulado de carbono no Brasil, que começa a ser discutida pelo Ministério da Fazenda.
Com três certificações de crédito de carbono em andamento, para venda no mercado voluntário, que devem gerar receita adicional no balanço do quarto trimestre, a Orizon poderia ter um impulso extra nas receitas e nos planos de investimento se o plano do governo for adiante.
"Quando você tem um mercado regulado [de crédito de carbono], acaba premiando de maneira muito mais forte quem faz iniciativas de descarbonização. Hoje, a remuneração no mercado regulado europeu é muito maior que no voluntário, que é o único que as empresas brasileiras podem acessar", disse Pilão.
A Orizon atua com a transformação de resíduos em biogás, energia elétrica, e biometano, em processos que ainda habilitam os projetos a gerarem créditos de CO2. A empresa também opera 15 “ecoparques” – ou aterros sanitários – e já fez aquisições no setor, embora tenha freado a expansão inorgânica neste ano devido à preocupação com a alavancagem, que encerrou o primeiro semestre em 2,89 vezes.
Com a entrada em operação de novos ativos que deverão gerar mais caixa, e a liberação de financiamento de R$130 milhões da International Finance Corporation, do Banco Mundial, a Orizon está novamente olhando oportunidades.
"Vamos chegar no final do ano com alavancagem muito baixa, o que permite trazer um recurso extra para o caixa como dívida. E vai permitir que avancemos de novo em novas aquisições", disse Pilão. "Para ser bem sincero, já estamos de volta ao mercado, fazendo algumas diligências".
A Orizon fechou em agosto parceria com a Compass, da Cosan, para investimentos conjuntos em uma planta de purificação de biogás no ecoparque de Paulínia (SP), que demandará investimentos de cerca de R$450 milhões.
Segundo Pilão, para bancar o projeto, haverá um aporte da Compass, e as empresas ainda buscarão financiamento, provavelmente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) ou via emissão de títulos verdes – títulos de renda fixa para viabilizar iniciativas econômicas de sustentabilidade.
A Orizon tem mais 15 aterros que poderão ser alvo de investimentos similares, e já iniciou um projeto de R$350 milhões em um ecoparque de Recife (PE), com planos de tocar sozinha o restante dos negócios.
"Devemos ainda começar mais dois ecoparques até o final do ano. A princípio, os outros investimentos serão feitos pela BioE", afirmou o CEO, em referência a uma subsidiária lançada pela Orizon para os investimentos em geração de energia com biogás.
Ao ser criada, no fim de 2022, a projeção era que a BioE investiria R$1,2 bilhão nos próximos anos, para colocar projetos de biogás em dez aterros. Agora, como a carteira de ativos da empresa cresceu, esse número deverá ser ampliado, disse Pilão.
Esta reportagem foi publicada primeiro no Scoop, às 11H26, exclusivamente aos assinantes do TC. Para receber conteúdos como esse em primeira mão, assine um dos planos do TC.