Por Ana Luiza Serrão
As ações da Oncoclínicas (ONCO3) derretiam mais de 13% hoje, maior queda desde a abertura do seu capital na B3, após a Polo Capital ter questionado alterações nas contabilizações do grupo dedicado ao tratamento de câncer, o que segundo a gestora teria possibilitado que valores superestimados integrassem alguns balanços.
Por volta de 12h15, os papéis ordinários da empresa caíam 11,50%, a R$9,00, enquanto o Índice Bovespa operava em queda de 1,81%, a 118,24 mil pontos. Nos últimos 12 meses, as ações da Oncoclínicas sobem 103,17%.
Procurada para comentários sobre a posição da Polo Capital, divulgada em carta a investidores, a Oncoclínicas disse que não fará comentários por “encontrar-se em período de silêncio até a publicação do Anúncio de Encerramento de sua oferta pública subsequente de ações”.
Para a Polo, a forma como os recursos destinados a contratações de médicos eram apresentados no balanço acenderam um alerta. “Nos chama a atenção a forma pela qual a empresa tem lançado custos médicos no seu intangível, quando, entendemos, deveriam ser lançados no seu DRE [Demonstração do Resultado do Exercício]”, comunica.
A prática contábil possibilitou que a empresa reportasse dados superiores aos seus pares. Um exemplo disso é que a Oncoclínicas teve margens brutas acima de 35% nos últimos quatro trimestres, enquanto outras companhias do setor hospitalar, como Rede D’Or, Kora, Fleury, Dasa e Mater Dei, apresentaram valores entre 25% a 35%, segundo a gestora. Além disso, os lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização (EBITDA) ficaram mais elevados, assim como o valuation da empresa contou com prêmio substancialmente mais alto que os seus pares.
“Na nossa visão, o EBITDA recorrente para a Oncoclínicas seria de R$254 milhões no trimestre, ou seja, R$38 milhões (13%) menor que o reportado pela companhia. A margem recorrente nos nossos números seria de 19,6%, ou seja, aproximadamente 300 pontos base menor que a reportada”, detalha o documento.
A Polo Capital, no entanto, ressalta que a análise foi baseada em informações públicas e no entendimento da gestora sobre elas. “Enfatizamos, ainda, que fundos sob nossa gestão mantêm posições vendidas em ações da Oncoclínicas, de modo que tais veículos e, por consequência, a própria Polo Capital, beneficiam-se de eventual queda no valor dessas ações".