Por Artur Horta
A JSL (JSLG3), líder em logística rodoviária no Brasil, registrou aceleração no balanço do segundo trimestre (2T23), impulsionada pela incorporação da recém-adquirida IC Transportes, implantação de novos contratos e o crescimento das operações internacionais, mitigando impactos de um problema cambial na Argentina.
A companhia registrou lucro líquido ajustado de R$41,3 milhões, segundo balanço divulgado nesta segunda-feira. A cifra representa uma alta de 20,8% na base anual e de 32,4% em relação ao trimestre anterior, mas ficou abaixo do TC Consenso de R$52,2 milhões.
O balanço foi impactado negativamente pelo elevado patamar da taxa de juros e pela restrição de transferência de recursos da Argentina para o Brasil, o que levou a cerca de R$18 milhões em resultado de variação cambial sobre o caixa e contas a receber relacionados às operações locais.
“Isso está sendo negociado com os clientes, não será algo recorrente este ano”, disse à Mover o CEO da JSL, Ramon Alcaraz. Segundo o executivo, o valor retido no vizinho latino americano vai se desvalorizando, devido à disparada da inflação e consequente perda de valor do peso-argentino, o que afeta o resultado financeiro.
A companhia presta serviços para montadoras que fabricam na Argentina, mas utilizam peças produzidas no Brasil. “A grande vantagem de ser diversificado em setores é que quando um setor tem problema você compensa com outro”, disse Alcaraz, ao explicar como a empresa superou o entrave no período.
A receita líquida da JSL avançou 27,9% na base anual, para R$1,84 bilhão, em linha com as estimativas do mercado, com destaque para a IC Transportes - que aumentou a exposição da companhia ao setor de agricultura -, cargas especializadas e crescimento das operações da Fadel na África do Sul.
Já o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (EBITDA na sigla em inglês) em base ajustada subiu 43% ano a ano, para R$358,5 milhões, acima do consenso de R$351,6 milhões. A alta também ajudou a manter a alavancagem do grupo em 3,26 vezes.
Nos próximos trimestres, a companhia planeja seguir com a trajetória de crescimento orgânico e aquisições, operações que, segundo o diretor financeiro, Guilherme Sampaio, “nunca colocaram pressão sobre o balanço e ajudam a fazer geração de caixa”.
As ações ordinárias da JSL encerraram o pregão em queda de 1,56% na B3, cotadas a R$10,12. No acumulado do ano, os papéis sobem 83,67%. “Acho que houve uma precificação e um entendimento maior do que é JSL esse ano. A consistência na entrega de resultados fez o preço da ação subir”, afirmou Sampaio à Mover.