Por Erick Matheus Nery
Desde o início do ano, as ações da JBS (JBSS3) já caíram 16,7%. Vinicius Steniski, analista da TC Matrix, vê uma "baixa probabilidade" da empresa pagar dividendos neste ano, mas enxerga potencial para que o papel cresça 26% na Bolsa.
Em relatório publicado nesta sexta (16), a casa de análise adota recomendação neutra para a ação JBSS3 com um preço-alvo de R$ 23 -- valorização de 26,2% do valor da ação em 11/05/23, quando o papel era negociado por R$ 18,22.
"Apesar da companhia possuir histórico positivo de geração de caixa e pagamentos de dividendos, neste ano nós acreditamos que a companhia reportará FCL [fluxo de caixa livre] negativo, consumindo parte do seu caixa e não gerando possibilidade de sobras para quitação da dívida. Com este cenário sendo o mais provável em nossas estimativas, os desafios para a companhia aumentam neste primeiro momento. A partir de 2024, com um cenário mais positivo se desenhando, com menores custos, podemos imaginar o retorno da operação em patamares mais saudáveis, retomando o pagamento de dividendos e geração de fluxo de caixa livre", afirma Steniski.
A JBS é uma das principais empresas de proteína animal do mundo. No Brasil, a carne bovina mostra um crescimento nas exportações. Junto a isso, a queda nos preços dos grãos, que são utilizados na alimentações dos animais, contribui para a melhora das margens. Nos Estados Unidos, a menor disponibilidade de animais deve pressionar os preços e as margens da empresa neste setor até o final do ano que vem.
"No setor de suínos, os preços dos animais vivos e da carne de porco apresentaram queda devido à demanda fraca e estoques elevados. A demanda por carne suína pode permanecer baixa por um período mais longo devido à queda no preço de proteínas substitutas, como a carne bovina. Quanto à carne de frango, os preços também estão em queda, mas o setor não foi afetado pela gripe aviária até o momento no Brasil, mantendo as vendas normais. Nos Estados Unidos, espera-se um crescimento na produção de frangos e exportações, com preços em alta em 2023, mas uma projeção de queda em 2024 devido à maior disponibilidade", analisa o especialista.
"Considerando esse cenário, utilizamos o modelo de fluxo de caixa descontado e múltiplos para estimar o preço-alvo de R$23,00, com recomendação neutra para as ações da JBS. A companhia possui histórico bastante positivo de pagamento de dividendos, mas entendemos que no curto prazo a companhia deve manter o capital em caixa e utilizará para o financiamento da operação", complementa Steniski.
Por volta das 13h do Ibovespa hoje desta sexta (16), as ações da JBS eram negociadas em queda de 2,03%, ao preço de R$ 17,85.