Por Luciano Costa
A Energisa (ENGI11) está ampliando significativamente investimentos em sistemas de geração solar conhecidos como geração distribuída (GD), com apostas em um modelo de vendas por assinatura que ainda registra demanda aquecida, embora outras empresas venham sofrendo com queda nos volumes e receita no setor neste ano.
A (re)energisa, marca que concentra os negócios de GD da companhia, somou receita de R$44 milhões no segundo trimestre, avanço de 80% ante mesmo período de 2022, com investimentos de R$415 milhões, salto anual de quase 185%, destacou o diretor Gustavo Malagoli.
No mesmo período, a WDC Networks viu as vendas da divisão solar despencarem 61%, citando "escassez de crédito e juros elevados". Na Intelbras, a receita da divisão de energia caiu 47% no mesmo período, impactada pela "dificuldade em fechar novas vendas". A WEG também relatou "menor nível de receita no negócio de geração solar distribuída".
O desempenho na contramão do mercado é explicado pela estratégia da (re)energisa, que constrói as próprias usinas solares e vende a produção para pequenas e médias empresas e pessoas físicas, em planos por assinatura que oferecem desconto frente às tarifas de distribuidoras. WDC, WEG e Intelbras, por sua vez, focam no atacado.
"Existem modelos de negócios que são bem distintos no segmento de GD. De nosso lado, continuamos crescendo. Na modalidade em que atuamos, nós não sentimos essa desaceleração", disse Malagoli.
Ao final de junho, a (re)energisa somava capacidade instalada de 286 megawatts em GD, em 76 plantas. As vendas de assinaturas tiveram recorde em julho, com negócios fechados que representaram volume de 39 megawatts-pico.
Por enquanto, a (re)energisa conta com carteira de 4 mil clientes atendidos com GD solar, e atua em cinco Estados: São Paulo; Minas Gerais; Mato Grosso; Mato Grosso do Sul; e Rio de Janeiro. "Vamos crescer para outras regiões, com certeza", garantiu Malagoli.
Fundada em 1905, a Energisa entrou em GD mais recentemente, em 2019, com a aquisição da Alsol, uma pioneira do setor fundada por Malagoli, que já havia recebido aporte da Algar.
Por trás da aposta no segmento e da criação da marca (re)energisa, a estratégia do grupo é se preparar para o futuro do mercado de energia, quando se espera que consumidores poderão escolher o fornecedor, ao invés de serem obrigatoriamente atendidos por distribuidoras. "Certamente vamos sair na frente com milhares de clientes de varejo", afirmou Malagoli.