Por Luciano Costa
A Alpargatas (ALPA4), dona das Havaianas, enfrenta um cenário desafiador de elevados níveis de estoques, despesas acima do desejável e recuo nas vendas e margens, que se refletiram em prejuízo no segundo trimestre e levaram a companhia a aprofundar um movimento de ajustes, disseram diretores durante teleconferência nesta sexta-feira.
As ações PN da Alpargatas abriram em queda hoje, e chegaram a despencar quase 7% na abertura, após o balanço divulgado ontem à noite, mas começaram a subir durante a teleconferência, enquanto executivos apresentavam os planos de reestruturação e ajuste para a companhia. Por volta de 16h30, os papéis avançavam 1,55%, a R$9,15.
"Está muito claro que a operação precisa ser corrigida. Vamos ter que reconstruir", afirmou o CEO, Luiz Fernando Edmond, ex-chefe da Anheuser-Busch e conselheiro da Ambev, que assumiu o cargo no final de abril, em caráter interino, e anunciou logo na sequência uma "freada de arrumação", após resultados do primeiro trimestre considerados "muito ruins", com prejuízo de R$199,7 milhões.
Agora, no segundo trimestre, a Alpargatas registrou nova perda, de R$53 milhões, revertendo lucro no ano anterior, de R$63,8 milhões. Os volumes de vendas das mundialmente famosas sandálias Havaianas despencaram 21% em um ano, caindo quase 20% no Brasil e 27% no exterior.
O diretor financeiro, André Natal, que deixou a Vibra Energia em fevereiro para assumir a posição, disse que as medidas de reestruturação incluirão a simplificação da estrutura administrativa, devido ao aumento de despesas nos últimos anos, e a otimização da carteira de produtos.
"Não adianta tomar as medidas que estamos tomando se não simplificarmos o portfólio, senão daqui dois anos vamos cair nos mesmos problemas de custos, estoques, provisão", explicou.
Enquanto trabalha para avançar com a reestruturação, Edmond também está em busca de um nome para substituí-lo no comando da companhia a partir do ano que vem.
"Meu acordo com a companhia é ajudar a encontrar alguém, mas com senso de urgência de curto prazo, e construir as bases para o longo prazo, até que o novo CEO chegue", explicou Edmond na teleconferência.
"Em um período de dois a três meses já esperamos saber quem é a pessoa, e aí vem um período de transição", afirmou.