Por: Artur Horta
A Caixa Econômica Federal e a Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (ABRAINC) defenderam nesta terça-feira que é preciso repensar o financiamento imobiliário com base na Poupança, já que o produto bancário vem perdendo espaço no mercado nos últimos anos.
A participação da Poupança no “funding” do mercado imobiliário caiu de 50% para 36% nos últimos dez anos, segundo o diretor de negócios imobiliários do Santander Brasil, Sandro Gamba. “Se no passado a gente falasse que a Poupança seria 36% do ‘funding’ estaríamos questionando se a construção ainda poderia crescer”, afirmou o executivo, durante Fórum Brasileiro de Incorporadoras (Incorpora 2023), promovido pela ABRAINC.
O setor, no entanto, foi capaz de crescer com operações estruturadas, como Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs), Letras de Crédito Imobiliário, (LCIs) e Fundos de Investimento Imobiliário (LCIs), na avaliação de Gamba.
Mas a perda de participação da Poupança e a entrada dos estruturados fez com o que as taxas crédito imobiliário ficassem mais correlacionadas com a taxa básica de juros. Ou seja, em um cenário com a Selic elevada, a oferta de crédito fica excessivamente restritiva.
De acordo com o presidente da ABRAINC, Luiz França, as incorporadoras têm sido fortemente influenciadas pelas altas taxas de juros, que prejudicaram o acesso aos financiamentos imobiliários pelo SBPE (Sistema Brasileiro Poupança e Empréstimos), inviabilizando a compra de imóveis para compradores de média renda.
França disse ser preciso encontrar alternativas para diminuir o custo de "funding" para os compradores de média renda. Já banqueiros que estiveram no evento avaliaram que a esperada queda da Selic - atualmente em 12,75% ao ano - deve ajudar o mercado a reduzir e precificar adequadamente as taxas de financiamento, bem como suportar a criação de novas estruturas de crédito pelos bancos.
A presidente da Caixa, Rita Serrano, também defendeu uma reformulação do financiamento imobiliário, hoje muito dependente do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE). “Eu já falei para o Banco Central que é necessário repensar o produto Poupança para que volte a ser atrativo. E também é necessário repensar o compulsório”, disse.