Por Gustavo Boldrini
As ações da Time For Fun (T4F) derretiam mais de 12% no pregão desta quinta-feira, após a companhia confirmar o fim do contrato de organização do festival Lollapalooza, vigente desde 2013, a partir de 2024.
Perto das 11h30, as ações ordinárias (SHOW3) da empresa líder em entretenimento ao vivo na América Latina despencavam 12,6%, a R$1,75, menor patamar desde junho de 2020, quando o grupo sentia o impacto do ápice das medidas de isolamento para combate à Covid-19 no início da pandemia.
Em comunicado divulgado nesta quarta-feira, a T4F confirmou o fim do contrato de produção e organização do Lollapalooza no Brasil após oito edições e afirmou que a americana Live Nation, uma das donas da marca ao lado da C3 Presents, assumirá a realização do evento por meio da sua subsidiária Rock World, organizadora do Rock in Rio.
A informação havia sido adiantada na terça-feira pela coluna do jornalista Léo Dias, no portal Metrópoles.
A T4F disse que a não-renovação do contrato foi uma “decisão de estratégia de negócios global”, que aconteceu apesar dos “resultados excepcionais” que o evento trouxe nos últimos 10 anos.
“A Time For Fun seguirá com uma atuação intensa no setor de festivais”, afirmou a empresa, acrescentando que “firmará novas parcerias e colaborará com a construção e com a consolidação de outros eventos e marcas queridas pelo público brasileiro”.
O analista Carlos Herrera, da Condor Insider, disse que a perda do Lollapalooza pode ser um fator de complicação para a T4F, especialmente no que diz respeito à concorrência.
“A sensação da Live Nation estar mais agressiva no Brasil pode trazer um impacto significativo para a empresa, assim como acontecia entre 2018 e 2019, ainda antes da pandemia”, afirmou Herrera em entrevista à Mover.
O analista tem recomendação de “ficar longe” dos papéis ordinários da T4F, citando, além da concorrência, a geração de caixa “errática” da empresa. Segundo Herrera, como 2023 deve ser um ano de pico nas receitas com grandes eventos que estavam “travados”, os próximos anos podem ser de desaceleração, o que compromete o retorno dos ativos aos acionistas em forma de dividendos.
O analista também citou problemas internos de governança refletidos pela posição de Fernando Alterio, fundador da empresa, acumulando os cargos de diretor-presidente e diretor de Relações com Investidores.