Por Reuters
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva encontra na quarta, pela primeira vez desde que tomou posse, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em uma audiência junto com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para, de acordo com fontes ouvidas pela Reuters, distensionar a relação.
O encontro está na agenda oficial do presidente, às 17h30, apenas os três. O único encontro de Lula com o presidente do BC -- nomeado por Jair Bolsonaro -- foi em dezembro do ano passado, ainda durante a transição.
Desde então, a relação entre os dois se deteriorou, mas à distância. Lula passou a culpar Campos Neto pelas decisões do BC de manter os juros altos até junho, e foi seguido por boa parte do PT.
A pedido de Haddad, Lula por algum tempo deixou de cita-lo especificamente, mas recentemente, mesmo depois da primeira decisão do BC de reduzir a taxa -- com voto de desempate de Campos Neto --, o petista voltou a criticá-lo e reclamar dos juros.
"Nós temos que ter dinheiro para investir. E dinheiro para ser investido a juros baratos. Por isso é que o cidadão do Banco Central precisa saber que ele é presidente do Banco Central do Brasil e não do Banco Central de um país que não seja o Brasil, e que precisa baixar os juros. Não é possível", disse em Fortaleza, em um evento.
Na semana passada, o Comitê de Política Monetária (Copom) reduziu a Selic pela segunda vez seguida, em 0,5 ponto percentual, levando a taxa básica a 12,75% ao ano.
Lula é o primeiro presidente a iniciar o governo com a vigência da autonomia do Banco Central, que foi sancionada pelo então presidente Jair Bolsonaro no início de 2021.
Com isso, o petista enfrenta a situação até então inédita de ter como presidente do BC nos primeiros anos de seu mandato um nome indicado pelo governo anterior.