Por: Ana Luiza Serrão
Na expectativa para os resultados das varejistas de alimentos no segundo trimestre, bancos de investimentos avaliam que o Grupo Mateus caminha para ser o grande destaque positivo do setor, enquanto o Carrefour Brasil deve mostrar os resultados mais fracos no período.
De modo geral, as maiores redes de supermercados e ‘atacarejo’ listadas seguem diante de um cenário ainda desafiador devido à desinflação de alimentos e seus elevados níveis de alavancagem em um momento de juros elevados, segundo analistas.
Mas, em meio ao acirramento da concorrência, principalmente pelo mercado do Sudeste, o Grupo Mateus deve superar os rivais de maior porte, incluindo o Assaí, para o qual as projeções são de aumento no faturamento, mas margens pressionadas.
De acordo com o TC Consenso, o Grupo Mateus deve reportar lucro de R$281,8 milhões, receita de R$6,37 bilhões e EBITDA de R$418 milhões, com avanço tanto na comparação com o mesmo período de 2022 quanto frente ao primeiro trimestre de 2023.
Já o Carrefour deve ter prejuízo de R$29,3 milhões, abaixo das perdas do primeiro trimestre, mas revertendo lucro no ano anterior. A receita deve avançar, em ambas as bases, para R$26,9 bilhões; e o EBITDA de R$1,2 bilhão deve ficar praticamente estável ante o primeiro trimestre, com recuo na comparação anual.
Para o Assaí, o TC Consenso projeta lucro de R$145,2 milhões, com recuo na comparação anual e avanço no último trimestre. Já a receita de R$16,2 bilhões fica abaixo do registrado no mesmo período do ano anterior, com alta na base trimestral; a expectativa de EBITDA, em R$1,01 bilhão, avança tanto na base anual quanto na trimestral.
A equipe da XP avalia que o Grupo Mateus deve se destacar frente aos rivais nos dados de vendas em mesmas lojas, com o Banco Safra também projetando boas vendas e forte desempenho na linha de receita devido à abertura de novas unidades no segundo trimestre.
O Carrefour, no mesmo período, deve apresentar baixa elevação da receita e pressão contínua nas margens devido ao processo em curso de integração do BIG, levando a um resultado fraco, no vermelho, de acordo com o banco.
“Apesar das conversões concluídas das lojas BIG serem benéficas para a empresa no longo prazo, a integração provavelmente pressionará a rentabilidade do Carrefour durante o segundo trimestre”, afirmou o Santander Corporate & Investment, que também vê prejuízo para a companhia, com impactos da desinflação de alimentos.
No período, as redes Carrefour e Assaí podem ser ainda impactadas pela alta concorrência na região Sudeste, onde estão boa parte de suas lojas. É provável que o Grupo Mateus, por outro lado, tenha um desempenho superior, “dada a sua exposição à concorrência mais branda na região Nordeste”, de acordo com o Itaú BBA.
No Assaí, a equipe de analistas do Safra espera que a abertura e conversão de novas unidades compensem a pressão das vendas nas mesmas lojas, resultando em um crescimento de 20% na receita na base anual. Entretanto, as margens devem ser pressionadas pelas conversões, “o que não deve ser uma surpresa”.
O Carrefour será a primeira empresa do setor a apresentar os resultados do segundo trimestre, no dia 25 de julho; seguido pelo Assaí, em 26 de julho; e Grupo Mateus, no dia 9 de agosto.
Os papéis ordinários do Grupo Mateus fecharam na sexta-feira a R$8,07, com ganho de 27,69% em 2023; o Carrefour Brasil, a R$10,96, acumula recuo de 24,97% no ano. O Assaí, com ações ON a R$12,54, tem variação de -35,33% desde janeiro.