O mercado externo puxa o freio no otimismo em meio à cautela antes da divulgação de dados econômicos e com projeções de empresas justificando uma correção após o salto das bolsas em Nova York ontem. A publicação do índice de preços dos gastos com consumo pessoal dos Estados Unidos (PCE) de março é o principal foco do dia, pois é o termômetro mais relevante do Federal Reserve, o banco central americano, para medir a dinâmica da inflação, antes do encontro para decisão de juros na próxima semana.
O índice de preços dos EUA do mês de março sai às 9h30, um dia após o indicador do primeiro trimestre ter acelerado mais do que o esperado, mesmo com a perda de vigor da economia americana nos primeiros três meses do ano. O consenso para o núcleo do índice de preços PCE aponta alta anual de 4,5% em março, ante 4,6% no mês anterior. Na Europa, dados de inflação voltaram a incomodar e também contribuem para azedar o clima e pressionar as bolsas europeias e os futuros dos índices acionários americanos.
Nos resultados preliminares de abril, a inflação anual francesa acelerou para 5,9%, ante 5,7% registrados em março, e superou a previsão de 5,7%. Na Espanha, a taxa anual subiu para 4,1% em abril, de 3,3% no mês anterior. O Produto Interno Bruto da Zona do Euro cresceu 0,1% no primeiro trimestre, após estagnação no quarto trimestre, mas ficou abaixo do consenso de projeções, que era de 0,2%, segundo a Reuters. A economia alemã ficou estagnada no período, enquanto as da França, Itália e Espanha cresceram.
Entre os balanços, a Amazon (AMZO34) foi uma das empresas que reportaram resultados ontem e suas ações cediam 1,16% no pré-mercado de Nova York perto das 7h15, revertendo alta registrada após o fechamento do pregão de ontem. A gigante do varejo alertou em teleconferência com investidores que o ritmo de crescimento das receitas da Amazon Web Services, plataforma de serviços de computação em nuvem, desacelerou para 11% em abril, ante 16% no primeiro trimestre. No balanço dos primeiros três meses do ano divulgado ontem, a empresa anunciou que seu lucro foi de US$3,2 bilhões, cerca de 50% acima do consenso esperado pelos analistas. Mas os resultados da Snap e da Pinterest frustraram as previsões.
No câmbio, o foco está no iene. A moeda japonesa registra forte queda ante o dólar americano nesta manhã, penalizada pelas sinalizações do presidente do Banco do Japão, Kazuo Ueda, de que ainda é prematuro falar em mudança no controle da curva de juros, o que contrastou com a expectativa do mercado de alteração, o que seria um passo mais incisivo para o fim da política ultra acomodatícia no país. Os comentários de Ueda foram feitos após o BC japonês ter mantido a taxa de juros em -0,1%, além de ter anunciado planos para rever a política monetária passada. Perto das 7h00, o dólar disparava 1,40%, a 135,81 ienes. O Índice Dólar DXY, por sua vez, que mede a variação da moeda ante uma cesta de divisas pares, avançava 0,46%, a 102,03 pontos.
Na renda fixa, os rendimentos dos títulos de dívida de 1 ano do Tesouro americano subiam 5,3 pontos-base, a 4,844%.
Nas commodities, o minério de ferro encerrou a sessão na China em queda diante das preocupações com baixa demanda por parte das siderúrgicas chinesas. Na Bolsa chinesa de Dalian, o contrato de setembro cedeu 0,97%, a 714 iuanes, o equivalente a US$ 103,12 por tonelada. O contrato futuro do barril de petróleo Brent subia, mas acumula outra perda mensal diante de dados decepcionantes de atividade nos EUA.
No Brasil, a agenda de dados também é intensa, com divulgação do resultado primário do setor público consolidado, às 8h30, atividade econômica medida pelo IBC-Br e taxa de desemprego de março, ambos às 9h00.
Em debate no Senado ontem, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), alertou para os riscos fiscais de uma desaceleração da economia, mas o dado do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgado ontem, e muito acima do esperado, mostrou que o mercado de trabalho segue resiliente nesta reta final de ajuste para a decisão de juros do Comitê de Política Monetária do Banco Central na próxima semana.
O ministro do Supremo Tribunal Federal Kassio Nunes Marques pediu vista do processo que estava sendo julgado ontem à tarde sobre uma mudança de correção do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). De relatoria do ministro Roberto Barroso, a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 5090 pede a mudança da correção do FGTS, atualmente corrigido apenas pela Taxa Referencial (TR), para que seja a mesma da poupança, que rende 0,5% mais a TR ao mês. O pedido de vista fez as ações de construtoras ligadas ao programa "Minha Casa, Minha Vida" dispararem na B3 ontem. (Mover)
A Amazon (AMZO34) registrou vendas e lucro acima das projeções de analistas de mercado em seu balanço referente ao primeiro trimestre, divulgado na véspera, ainda que a companhia tenha registrado uma contenção de gastos por parte dos consumidores. A gigante do comércio eletrônico, por outro lado, reportou que os cortes de custos aplicados começam a produzir efeitos. As estimativas da empresa para o segundo trimestre vieram em linha com o consenso dos analistas. (Mover)
O pedido do CEO do JPMorgan (JPMC34), Jamie Dimon, para que os funcionários da instituição retornem ao trabalho presencial no escritório gerou uma onda de comentários em fóruns internos de discussão da companhia, de acordo com fontes. Funcionários, incluindo gestores, reclamaram da “cultura do Zoom”, ou seja, mesmo com o retorno presencial ao escritório muitas reuniões continuam sendo realizadas pelo meio virtual. Eles também citaram responsabilidades familiares nos comentários. (Reuters)
A economia de Taiwan registrou uma contração de 3% no trimestre encerrado em março, ante igual período de 2022, segundo a estimativa preliminar divulgada hoje pelo órgão de estatísticas do governo. No quarto trimestre, a economia já havia encolhido 0,4%. A sequência de duas contrações seguidas configura uma recessão técnica. (Financial Times)
Autoridades chinesas embarcaram em uma campanha para controlar empresas estrangeiras, meses após Pequim transmitir uma mensagem de abertura aos negócios a investidores globais. Recentemente, as autoridades surpreenderam funcionários do escritório de consultoria Bain & Co., e também lançaram uma revisão de segurança cibernética das importações da fabricante de chips Micron Technology. (The Wall Street Journal)
A economia norte-americana estava desacelerando antes mesmo de qualquer impacto da crise de crédito, enquanto a inflação acelerava, o que destaca o desafio do Federal Reserve. O PIB avançou 1,1%, em termos anuais, no primeiro trimestre, abaixo do consenso de mercado, que previa avanço de 1,9%. Já o núcleo da inflação de preços ao consumidor avançou a 4,9% entre janeiro a março, ritmo mais rápido em um ano, e acima do consenso, de 4,7%. (Agências)