Por: Gabriel Ponte
O Credit Suisse apelou ao Banco Central da Suíça nesta quarta-feira por uma demonstração pública de apoio, após as ações da instituição despencarem nos mercados acionários, em meio a temores de investidores com um potencial contágio bancário. Mais cedo, o presidente do Banco Nacional Saudita, que comprou participação no CS em 2022, descartou fornecer ao credor suíço mais assistência financeira.
Segundo reportagem do Financial Times, o pedido do Credit Suisse por uma declaração acerca da saúde financeira da instituição ocorreu após a forte deterioração dos papéis nas sessões de negócios desta quarta nos mercados globais. Por volta das 13h20, os papéis da instituição negociados na NYSE despencavam 20,37%, a US$1,90, mínimas recordes. Também segundo o FT, o Credit Suisse solicitou uma resposta de apoio de um órgão regulador suíço, de acordo com fontes.
Em entrevista à Bloomberg, Ammar Al Khudariy, presidente do Banco Nacional Saudita, descartou qualquer possibilidade de injetar novos recursos na instituição. "A resposta é absolutamente não, por muitas razões, além da mais simples, que é regulatória e estatutária. Não podemos porque chegaríamos a mais de 10% de participação", disse o executivo. O Banco Nacional Saudita adquiriu uma participação de 9,9% do CS no fim de 2022.
Como resposta, o Credit Default Swap (CDS) da instituição de um ano - custo de garantir seus títulos contra a inadimplência no curto prazo - subiu mais de 800 pontos-base, avanço não observado desde 2003, de acordo com a Bloomberg. O forte avanço do CDS aponta para a cautela dos investidores com uma potencial inadimplência, além de rebaixamentos dos ratings da instituição por agências de classificação de risco.
Diante de temores envolvendo a saúde financeira da instituição, o Banco Central Europeu (BCE) entrou em contato com instituições sob sua supervisão para questioná-las sobre suas exposições ao banco suíço, de acordo com informações do The Wall Street Journal.
Também segundo o veículo, Axel Lehmann, presidente do Conselho de Administração do Credit Suisse, afirmou hoje em conferência na Arábia Saudita que o capital e o balanço da instituição eram fortes e que "todos estavam prontos para resolver os problemas". Lehmann também descartou eventual auxílio governamental.
Na véspera, a instituição reportou ter encontrado "fraquezas materiais" nos controles internos de divulgação de resultados financeiros, de acordo com auditoria realizada pela PricewaterhouseCoopers.
BCE
Maiores temores envolvendo a saúde financeira da instituição complicam a trajetória de aperto monetário promovida pelo BCE. Executivos europeus pediram às autoridades do BCE que adiassem a alta a alta de 0,50 ponto percentual dos juros programada para ocorrer na decisão de amanhã, de acordo com agências internacionais.
O consenso Mover projeta alta dos juros de 50 pontos-base na reunião do BCE de amanhã, com a taxa de refinanciamento alcançando nível de 3,50%. A decisão ocorrerá às 10h15, seguida por coletiva da presidente da autarquia, Christine Lagarde, às 10h45.