Por: Luciano Costa
O Banco do Brasil (BBSA3) tem direcionamento de ampliar a concessão de crédito para fomentar o desenvolvimento da economia brasileira, mas não irá atuar sem critérios técnicos e nem sem alinhamento a seus modelos de negócio, visando manter o retorno aos acionistas, defendeu nesta terça-feira a presidente do banco estatal, Tarciana Medeiros, em coletiva de imprensa sobre os resultados do primeiro trimestre.
"Até agradeço vocês por trazerem esse ponto de redução da taxa de juros no crédito. Nós não vemos mais políticas anticíclicas sem um modelo técnico que ampare, um modelo de negócios que ampare a concessão do crédito, como sustentáveis. Entendo que a possibilidade de atuar com uma política que não tenha amparo técnico está fora de cogitação para nós", disse Medeiros a jornalistas.
Ela apontou, no entanto, que o BB seguiu atuando com vigor em todos os segmentos do crédito, destacando o desempenho em consignado para pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), nicho em que manteve liderança entre janeiro e março, com desembolso de R$3,1 bilhões – alta de 79% na comparação anual.
"Inclusive declaramos que uma das linhas de negócio que seriam foco de nosso trabalho para 2023 seria o consignado do INSS, e tem alguns motivos para isso. É uma carteira de crédito de R$250 bilhões. E o BB ainda não alcançou a fatia justa nesse mercado, temos pouco menos de R$20 bilhões", afirmou a CEO, projetando a continuidade do aumento nos desembolsos nos próximos trimestres.
Mais cedo, Medeiros disse avaliar que o BB pode conciliar sua atuação comercial com a social, "dando retorno adequado aos acionistas e buscando atender as expectativas da sociedade".
Na visão do BB, a taxa de juros básica Selic deve começar a cair "no segundo semestre", o que deverá permitir a retomada mais forte da economia e a recuperação de margens dos clientes do banco, reduzindo riscos de inadimplência, disse o vice-presidente de controles internos e gestão de riscos, Felipe Prince.
AGRONEGÓCIO E ARGENTINA
Um dos focos do BB é recuperar participação de mercado no crédito ao agronegócio, onde tem havido aumento da concorrência entre bancos pelos clientes, destacaram executivos.
A atuação do banco no agronegócio, inclusive, não foi abalada por um desentendimento recente entre o governo federal e a organização da Agrishow, e o BB continuará participando de eventos do setor, disse Medeiros, embora ressaltando que o banco avalia possíveis medidas em relação ao contrato de patrocínio à feira em Ribeirão Preto (SP), devido a possíveis "desvios de finalidade".
"Agora estamos na etapa de verificar se todas as contrapartidas foram cumpridas. E o banco tem autonomia para tratar desse tema, nossa governança é forte", garantiu a CEO. "O BB é o banco do agronegócio brasileiro, e vamos consolidar essa posição cada vez mais, e recuperar o marketshare, nossa justa fatia de mercado nesse segmento".
Após questionamentos sobre uma possível atuação do BB em negócios de apoio a exportações para a Argentina, o vice-presidente de Atacado, Francisco Lassalvia, disse que existe "contato técnico" com o governo federal para posicionar o banco nesse sentido.
"Nós temos conversado inclusive, dentro da governança do banco, sobre aquilo que é importante e necessário, e vamos apoiar essa pauta", afirmou, sem detalhar.