Por Luciano Costa
A crise da cervejaria Petrópolis, a terceira maior do Brasil, que pediu recuperação judicial nesta terça-feira, impulsionou as ações da Ambev para uma disparada de quase 5% na sessão de hoje na B3, a maior alta desde 17 de janeiro, que levou ao maior fechamento dos papéis neste ano.
As ações ordinárias da Ambev encerraram o pregão com salto de 4,74%, a R$14,59. Neste ano, os papéis avançam 0,48%, enquanto os ganhos nos últimos 12 meses são de 6,4%.
Analistas do Itaú BBA, no entanto, afirmaram que ainda é cedo para ser otimista quanto às implicações de longo prazo da notícia sobre a Petrópolis para a líder do setor nas Américas, uma vez que o cenário pode abrir espaço para rivais e empresas estrangeiras.
A Petrópolis tem cerca de 13% de participação no mercado brasileiro, mas vinha perdendo espaço nos últimos três anos, em meio a dificuldades financeiras, o que permitiu o avanço das rivais Ambev e Heineken, destacou a equipe do banco de investimento, liderada por Gustavo Troyano.
"Acreditamos que a notícia de hoje pode apoiar uma antiga tese, segundo a qual pode aparecer um comprador para os ativos da Petrópolis, abrindo caminho para uma mudança nas dinâmicas de mercado que vimos nos últimos anos", escreveram, citando a possibilidade de uma empresa estrangeira capitalizada assumir as operações da dona de marcas como Itaipava.
Na visão do time do BBA, a recuperação da Petrópolis, noticiada pelo O Globo e Veja, é "positiva no curto prazo" para a Ambev, mas seria cedo para ter otimismo quanto a um horizonte mais longo, uma vez que a competição no segmento poderia até aumentar com a chegada de um novo grupo ou com rivais comprando a cervejaria.
Em caso de venda dos ativos da Petrópolis, os potenciais compradores seriam alguma companhia de cerveja estrangeira, a Heineken ou o sistema Coca Cola, que em 2021 adquiriu a Therezópolis por meio da Coca Cola FEMSA e da Andina, avaliaram os analistas do Itaú.
Uma eventual aquisição pela Heineken enfrentaria potenciais restrições por seus possíveis efeitos sobre a concorrência, por isso o grupo holandês poderia buscar ficar com fábricas específicas, visando expandir sua capacidade no Brasil, escreveram os analistas em relatório divulgado hoje.