Por Luciano Costa
A elétrica Alupar (ALUP11) vai focar esforços de expansão neste ano em leilões do governo para novos projetos de transmissão de energia, que ofertarão concessões prevendo cerca de R$45 bilhões em investimentos, um recorde, abrindo boas oportunidades para as empresas do setor, disse ao Scoop um executivo da companhia.
Depois de registrar lucro líquido histórico em 2022, a Alupar deve iniciar neste ano as operações de seus primeiros ativos eólicos e solares, mas o crescimento na frente de geração deverá ter uma pausa, devido à queda de preços da energia no mercado, explicou o gerente de relações com investidores da empresa, Luiz Coimbra.
A Alupar registrou lucro regulatório recorde de R$522,9 milhões no ano passado, salto de 41,5% ante 2021. O EBITDA regulatório ficou em R$2,46 bilhões, alta de 17% na mesma base de comparação Antes disso, o melhor resultado era de 2021, com ganho de R$369,5 milhões.
A companhia de geração e transmissão de energia também estreou uma nova política de dividendos, com a distribuição de R$421,9 milhões aos acionistas, R$0,48 por ação ordinária e preferencial, ou R$1,44 por Unit.
"Isso representou um crescimento de 17% em relação aos dividendos de 2022. E estamos entregando uma distribuição de 85% dos lucros, superior ao mínimo estabelecido na política, de 50% do lucro ajustado", disse Coimbra ao Scoop. "Devemos manter um dividendo em patamar mais atrativo do que tivemos nos últimos anos".
Para 2023, a Alupar avalia que a intenção do governo de licitar um enorme volume de obras de transmissão de grande porte deverá limitar em alguma medida o nível de competição pelos contratos nos leilões, que tem sido acirrado nos últimos anos, comprimindo retornos.
"A Alupar é a única empresa que está no setor desde o primeiro leilão, e participamos de todos. Estamos estudando os lotes, esperamos ser competitivos", disse Coimbra.
A companhia inclusive tem interesse em ativos de transmissão de grande porte que o governo deve licitar ainda neste ano, com a avançada tecnologia de corrente contínua em alta tensão. Um dos projetos na mira da Alupar tem orçamento de cerca de R$17 bilhões.
"Dado o tamanho do lote, entraríamos muito provavelmente com parceiro", disse Coimbra, lembrando que em 2022 a companhia disputou um leilão em parceria com a Equatorial Energia e com um fundo ligado à gestora Perfin.
Os projetos maiores e o cenário macroeconômico, com juros elevados e restrições na oferta de crédito, também devem ajudar a reduzir a concorrência nos leilões de 2023, deixando a disputa para empresas tradicionais do setor de transmissão, avaliou Coimbra, após certames anteriores com a presença de fundos de investimento e construtoras.
"É difícil saber como será o comportamento das empresas, mas o resultado do leilão deveria convergir para retornos que refletissem o atual cenário que vivemos, deveríamos ver um leilão mais racional. Os deságios deveriam ser menores", projetou Coimbra.
GERAÇÃO ESPERA
Na área de geração, a Alupar projeta iniciar operação de dois parques eólicos no segundo trimestre, com 63 megawatts, enquanto uma usina solar deve operar no quarto trimestre, com 60 megawatts.
Mas novos investimentos nessa frente ficarão em suspenso por ora, devido ao cenário de retração nos preços de energia e ao aumento de custos de equipamentos, disse Coimbra.
"O problema agora é o desafio não só na cadeia de suprimento, que aumenta o CAPEX, é no preço de energia também. O preço da energia está por volta de R$100 por megawatt-hora hoje, em contrato de curto prazo", afirmou.
Dos projetos em andamento da companhia, "uma parte relevante" da energia já foi vendida em contratos de curto e longo prazo, com preços próximos de R$220 por megawatt-hora e R$178/MWH, respectivamente.
*Esta reportagem foi publicada primeiro no Scoop, às 13h11, exclusivamente aos assinantes do TC. Para receber conteúdos como esse em primeira mão, assine um dos planos do TC.