Por Reuters
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse nesta segunda-feira (4) que as surpresas positivas observadas no crescimento econômico do Brasil no período recente podem ter origem em ganhos de eficiência gerados por reformas estruturais feitas no país nos últimos anos.
Falando em fórum promovido pelo JPMorgan, Campos Neto afirmou que há cerca de oito anos economistas estimavam o crescimento potencial do PIB brasileiro em cerca de 2,8%, citando a necessidade de implementação de reformas previdenciária, trabalhista e tributária, marcos de concessões, facilitação de abertura de empresas e modernização de sistemas de pagamento.
Ao mencionar que boa parte dessa lista foi trabalhada pelo país, ao menos com atendimento parcial das demandas, o presidente do BC argumentou que ainda assim os economistas veem um crescimento potencial mais baixo do que antes, em algo próximo a 1,8%.
"Aí você se pergunta, bom, deixa eu ver se entendi. Era 2,8% e precisava fazer dez coisas. O governo trabalhou e fez grande parte das dez coisas, e agora é 1,8%? É muito difícil, esse número é não observável, acho que é muito contaminado pelos crescimentos baixos recentes, pegamos um problema atrás do outro, como pandemia", disse.
"Não tenho como provar empiricamente, mas pode ser que, em parte, as surpresas de crescimento que a gente está vendo -- já tem 15 meses de surpresa de crescimento para cima -- sejam por um ganho de eficiência cumulativo de várias coisas que foram feitas no passado", acrescentou.
Na apresentação, Campos Neto ainda afirmou que um sistema de pagamentos transfronteiriços melhorará o comércio exterior do Brasil, comentário que vem em meio a esforços da autarquia para internacionalizar o Pix.
Falando em fórum promovido pelo JPMorgan, Campos Neto disse ainda que o país precisa reduzir custos nas transações transfronteiriças, e defendeu o Pix de críticas ao dizer que seu sistema evita fraudes por ser rastreável.