Por Gabriel Brondi e Beatriz Lauerti
São Paulo, 19/1/2023 - O mercado de ações brasileiro abriu em queda nesta quinta-feira, reagindo às declarações de ontem, 18, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em entrevista à Globonews. Lula disse que a independência do Banco Central é “uma bobagem" e falou para “não pedirem seriedade fiscal”, além de considerar a meta de inflação “exagerada”.
O Ibovespa abriu em queda de 0,58% nesta quinta-feira, a 111.581 pontos. Os investidores estarão atentos ao pronunciamento do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que deve falar às 16h30, em uma palestra que participará na UCLA Anderson School of Management, na Califórnia, em evento aberto à imprensa.
Lula disse ontem durante a entrevista que é “uma bobagem” achar que um Banco Central independente vai fazer mais do que fez quando o comando da autarquia era indicado pelo presidente da República. “O Banco Central independente não evitou que a inflação e os juros estejam tão altos”, afirmou o presidente.
Esta é a primeira vez em que há a troca de presidente da República no contexto da independência do BC resguardada por lei.
Os comentários de Lula indicam pressão sobre o Banco Central para adiar o corte na taxa básica de juros, a Selic, que está em 13,75%. Ainda, o presidente defendeu uma meta de inflação maior, o que pode levar ao aumento das expectativas de inflação.
O chefe do Executivo também voltou a prometer a isenção da cobrança do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, mas atrelou a medida à aprovação da reforma tributária. Além disso, Lula reafirmou que pretende elevar o salário mínimo.
Já as taxas de juros futuros começaram a quinta-feira em alta, seguindo o movimento forte do dólar, que operava em alta de 1,06%, a R$5,256, perto das 9h10. No mercado de juros, o vencimento para janeiro de 2025 tinha taxa de 12,85%, em avanço de 27 pontos-base, enquanto o vencimento para janeiro de 2031 tinha taxa de 12,97%, em alta de 36 pontos-base.
O dia no exterior é marcado por perdas das bolsas europeias e dos futuros dos índices acionários americanos com o receio ampliado de recessão econômica nos Estados Unidos e cautela antes de balanços de empresas, dados e falas de membros do Federal Reserve, o banco central americano.