Por Luciano Costa
Os preços do açúcar estão subindo e devem se manter em patamar elevado por mais tempo, enquanto ações de empresas do setor como Raízen e São Martinho estão em níveis muito baixos, oferecendo oportunidade para investidores, disseram analistas do Itaú BBA em relatório divulgado nesta quarta-feira.
O banco de investimento reduziu os preços-alvo dos papéis das duas companhias do setor sucroalcoleiro, citando aumento no custo de capital, mas manteve recomendação de "compra" devido à desvalorização recente de ambas as empresas.
A São Martinho, que teve o preço-alvo cortado de R$ 45 por ação ordinária para R$35, recua quase 34% em 12 meses, para R$29,15 no último pregão. A Raízen, por sua vez, despencou 51,5% no período, com papéis preferenciais fechando ontem a R$3,06.
"Acreditamos que ambas as ações se tornaram injustificadamente baratas, e vemos um ponto atrativo de entrada para investidores de médio prazo dispostos a esperar que catalisadores se materializem", escreveu o time do BBA, liderado por Daniel Sasson.
Somente o aumento de custo de capital com a alta dos juros no Brasil levaria à redução de 30% nos preços-alvo das empresas, mas isso foi parcialmente compensado por uma curva de preços do açúcar mais forte, disseram os analistas.
A projeção de preços do açúcar na temporada 2023/24 foi elevada pelo banco para US$20 por libra-peso, de US$17,50 antes, devido ao cenário mais apertado de oferta e demanda neste ano.
Para a equipe do Itaú BBA, a São Martinho é um bom papel para quem deseja apostar no desempenho do setor de Açúcar e Etanol, "uma vez que é de longe a empresa mais eficiente" da indústria.
A Raízen, por outro lado, tem um perfil de receitas mais divesificado, com negócios em renováveis, o que garante certa estabilidade mesmo em um cenário de curto prazo mais turbulento.
No médio prazo, os preços do açúcar devem recuar gradualmente, para US$18 por libra-peso em 2024/25 e US$17 em 2025/26, projetaram os analistas do Itaú BBA.