Por Gabriel Ponte
As preocupações com uma potencial recessão nos Estados Unidos ao fim deste ano deram o tom de cartas de grandes gestoras globais divulgadas nas últimas semanas. Apesar do desempenho surpreendente do mercado de ações até o momento, as perspectivas para o segundo semestre parecem difíceis, na opinião das assets, que reforçam a necessidade de diversificação nas carteiras dos investidores para enfrentar o cenário.
A BlackRock ressalta, em sua carta, a continuidade da inversão da curva de rendimentos entre os títulos de dois e de dez anos do Tesouro americano, um prenúncio de contração econômica, que já se estende desde julho de 2022. De acordo com a gestora, o tempo médio para que o início da inversão resulte em uma recessão é de 18 meses. A asset defende a cautela como prudente no curto prazo, com oportunidades em setores defensivos, como saúde.
O HSBC, por sua vez, entende haver uma dessincronia entre as economias emergentes e Ocidentais, com essas últimas permanecendo sob pressão, diante de uma inflação persistente, elevados juros e contração no mercado de crédito. Os emergentes, por outro lado, se beneficiam de um cenário de desinflação, reabertura da economia da China e enfraquecimento do dólar. A gestora entende que o momento pede por diversificação de investimentos.
Para o J.P.Morgan, o ano está se mostrando melhor para as economias do que inicialmente previsto, embora seja provável um cenário de recessão econômica. Diante do recente rali, impulsionado pelas companhias de tecnologia, o J.P. está inclinado a uma diversificação de portfólio, em termos regionais, para fazer frente ao cenário. "Os elevados valuations [preços] tornam difícil argumentar que os mercados estão precificados adequadamente para a desaceleração adiante que projetamos."
Embora enxergue um cenário difícil à frente, o cenário-base do Barclays não prevê recessão nos mercados globais. Os países desenvolvidos deverão flertar com uma recessão, o que deve aliviar as pressões inflacionárias e, ao mesmo tempo, estimular os bancos centrais a reduzirem os juros ainda neste ano. No entanto, em linha com os demais, o Barclays defende a diversificação como primordial para os investidores.
Na visão do Morgan Stanley, o segundo semestre do ano será um período de "escolhas difíceis" para os investidores, que estarão à procura de investimentos cujo retorno supere a taxa livre de risco, de 5,20%. "Isso pode sigifnicar variar a estratégia em termos regionais, mais ofensivo na Ásia e defensivo nos EUA e Europa."