Por Luca Boni e Fabricio Julião
O Ibovespa arrefecia parte dos ganhos no início da tarde desta terça (25), com investidores digerindo a deflação registrada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - 15 (IPCA-15), de julho. As ações de mineradoras e siderúrgicas impulsionam o índice, em meio a promessas de mais estímulos à economia da China.
Por volta das 12h00, o Ibovespa operava em alta de 0,56% aos 122.020 pontos. O volume de negócios projetado para hoje é de R$21,2 bilhões, acima da média de 50 pregões.
Divulgado mais cedo, o IPCA-15 registrou uma deflação de 0,07% em julho, ante inflação de 0,04% em junho, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O dado veio melhor do que o esperado pelo mercado, que previa deflação de 0,01%.
Segundo o especialista em mercado de capitais e sócio da A7 Capital, Andre Fernandes, o mercado reage positivamente ao dado e às apostas nas opções do Comitê de Política Monetária (Copom) para um corte de 0,50 ponto percentual na taxa Selic na próxima reunião — que aumentaram de 47% de probabilidade para 59%.
Destaque para as ações de mineradoras e siderúrgicas que avançam e impulsionam o Ibovespa, em linha com a alta do minério de ferro na última madrugada na China e, principalmente, após o governo chinês ter prometido mais estímulos para o setor imobiliário.
As ON da Vale, da CSN e as PN da Gerdau subiam 3,61%, 5,29% e 3,64%, respectivamente. O Índice de Materiais Básicos sobe 2,30%, liderando as altas entre os índices setoriais da B3.
As ON da Eztec, da Magazine Luiza e da Cyrela ganhavam 5,56%, 4,32% e 4,19%, na mesma ordem, figurando entre as maiores altas percentuais do Ibovespa.
As ações do setor imobiliário sobem na sessão de hoje em meio a uma matéria do jornalista Lauro Jardim, do jornal O Globo. Segundo a publicação, o conselho curador do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) vai se reunir hoje para discutir a aprovação de uma verba suplementar de R$28,8 bilhões para financiar habitações. O orçamento atual é de R$68,1 bilhões. O jornalista não diz se os recursos irrigarão o Sistema Financeiro de Habitação.
Na ponta oposta, as ON da Weg, da Ambev e as PN do Bradesco caíam 2,00%, 1,59% a 1,02%, na sequência sendo as maiores detratoras do Ibovespa. Já as PN da Gol, da Azul e as ON da YDUQS recuavam 3,44%, 2,50% e 2,31%, na mesma ordem figurando entre as maiores quedas percentuais.
As taxas dos contratos de juros futuros operavam em queda nesta terça-feira, seguindo a esteira das duas sessões anteriores. Os vértices recuavam com dados na cena local, como a deflação mais forte que o esperado registrada pelo IPCA-15 em julho e a queda na arrecadação federal de junho.
Por volta das 12h15, os DIs com vencimentos em Jan/24 e Jan/25 recuavam 7,0 pbs e 11,0 pbs, respectivamente, a 12,63% e 10,59%. Já as taxas dos contratos para Jan/27 e Jan/31 operavam em queda de 9,0 pbs e 6,0 pbs, nesta ordem, a 10,08% e 10,67%.
A retração de 0,07% registrada nos preços dos 15 primeiros dias deste mês pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) surpreendeu o mercado, que esperava deflação de 0,01%. O alívio no indicador acima das expectativas corrobora com a visão de parte dos investidores de um corte de 50 pbs na Selic em agosto, hipótese que ganhou força nos últimos dias.
Segundo as negociações de contratos de opção de Copom, perto das 12h00, as apostas para um corte de 50 pbs pelo Banco Central na próxima reunião passaram a ser majoritárias, com 59% de probabilidade, ante 37% na redução de 25 pbs.
Além disso, a Receita Federal divulgou que a arrecadação teve queda real anual de 3,37% em junho. Foi o pior desempenho para o mês desde 2020. Após o dado, os DIs acentuaram o movimento de queda, impactados também pelo recuo das commodities.
No exterior, o Fed divulgará amanhã o novo intervalo da taxa básica de juros americana, atualmente entre 5,00% e 5,25%. As apostas são unânimes em uma alta de 25 pbs, mas a grande expectativa fica por conta do comunicado. Parte dos agentes financeiros esperam sinalizações de fim do aperto monetário, com a manutenção dos juros em 5,50% até o fim do ano. Outra parte, minoritária, espera que haja uma nova alta de 25 pbs, após uma pausa na decisão subsequente à de amanhã.
Os principais índices acionários em Wall Street operavam em alta, com investidores se preparando para uma nova série de resultados de grandes empresas de tecnologia, enquanto aguardam a decisão sobre o novo patamar da taxa de juros pelo Comitê Federal de Política Monetária (Fomc) amanhã.
Perto das 12h10, o Dow Jones, o S&P500 e o Nasdaq 100 avançavam 0,03%, 0,10% e 0,34%, nessa ordem. O Dow Jones, oscila na sessão de hoje, após registrar uma sequência de onze altas consecutivas, a mais longa sequência de ganhos desde fevereiro de 2017.
No mesmo horário, os títulos do Tesouro americano de dez anos operavam em alta de 1,8 pbs a 3,896%, e os de dois anos — mais sensíveis à política monetária — tinham alta de 3,0 pbs, a 4,891%.
Após o fechamento do pregão, a Microsoft e a Alphabet, controladora da Google, vão divulgar seus resultados referente ao segundo trimestre. As ações da Microsoft sobem 0,44% e as da Alphabet caem 0,18% — ambas são negociadas na Nasdaq.
Quase 130 empresas do S&P500 já divulgaram seus resultados até agora. Dessas empresas, cerca de 79% superaram as expectativas dos analistas, mostram os dados do FactSet.
Investidores também estão aguardando cautelosamente a decisão de política monetária do Fomc, amanhã. A atenção entre agentes de mercado está voltada para o comunicado, com expectativa para eventuais sinalizações sobre o fim do aperto monetário.
Segundo os derivativos negociados na Chicago Mercantile Exchange (CME), as apostas são unânimes para uma alta de 0,25 ponto percentual pela autarquia.
O dólar operava em leve alta nesta terça-feira, quebrando a sequência de baixas das últimas sessões. A taxa de câmbio chegou a ensaiar seguir com o movimento de baixa, após ter rompido o patamar de R$4,75 na véspera, mas o recuo generalizado das commodities hoje está levando à depreciação do real.
Por volta das 12h10, o dólar à vista subia 0,24%, a R$4,7383, enquanto o dólar futuro avançava 0,22%, a R$4,743.
A divisa brasileira era favorecida, na abertura, pela provável injeção de estímulos na China, o que tende a beneficiar as commodities. No entanto, nesta manhã, o Partido Comunista chinês nomeou Pan Gongsheng como novo presidente do Banco do Povo. Logo após a notícia, o movimento na taxa de câmbio brasileira foi revertido.
Segundo a Reuters, Pan é conhecido por assumir uma postura dura contra os especuladores cambiais e também esteve envolvido em reformas de bancos estatais. De acordo com as informações, com o tecnocrata no comando do banco central chinês, as expectativas pela defesa de reformas pró-mercado são reduzidas, ao contrário do que ocorreu com os dois antecessores.
Apesar da queda do real, o yuan offshore continua figurando entre as maiores altas nesta manhã, devido à injeção de estímulos que a economia chinesa deve receber. Pan assume o cargo com a missão de enfrentar a desaceleração do setor imobiliário do país asiático, que responde por cerca de um quarto da atividade econômica na China.
No exterior, o dólar mantém um desempenho misto, cedendo diante de 11 entre 22 moedas acompanhadas pela Mover. O Índice DXY, que mede a força da moeda americana perante outros pares fortes e com bastante liquidez no mundo, subia 0,01%, aos 101.387 pontos.