Por Luciano Costa
A diferença entre os preços dos combustíveis praticados pela Petrobras (PETR4) no Brasil e os valores do mercado internacional tem aumentado nos últimos dias, o que pode levar a empresa a ajustar os preços nas refinarias. Isso cria uma possível "armadilha" para o Banco Central, que está prestes a iniciar um ciclo de redução da taxa de juros, de acordo com o economista André Perfeito.
A Genial Investimentos estima que a Petrobras está aplicando um desconto de 15,7% na gasolina e 11,3% no diesel em relação à paridade internacional, limitando a margem para novas reduções "sem prejuízo à comercialização", segundo a corretora.
Em maio, a Petrobras anunciou uma nova política comercial para os combustíveis, mas os parâmetros que guiam os reajustes não foram detalhados. O economista destaca que os preços da empresa estão se afastando perigosamente dos valores internacionais, criando um "risco concreto" para a comunicação do Banco Central, que deve começar a cortar a Selic na próxima semana.
"A ausência de sinalização sobre o repasse cria dificuldades para a condução da política monetária, no sentido de pegar a autoridade Monetária 'no contrapé'", afirmou. O economista ressalta que se houver um corte na taxa de juros e a Petrobras aumentar o preço da gasolina logo após a reunião do Banco Central, isso poderia ser visto como uma tentativa do governo de "manipular" o BC.
A equipe de analistas do TC Matrix acredita que a Petrobras pode ser pressionada a reajustar o diesel a curto prazo para permitir importações e atender à demanda. "Em nosso modelo de precificação, vemos uma necessidade de reajuste no preço do diesel de cerca de 10,6% se o dólar e o Brent permanecerem no atual patamar no decorrer dos próximos dias", escreveu o analista Arlindo Souza, que vê a gasolina "ainda com preços aceitáveis", defasada em cerca de 4,2% frente aos cálculos do TC Matrix.