Por Erick Matheus Nery
As pressões sobre o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) devem aumentar exponencialmente nas próximas horas. Depois do depoimento do hacker Walter Degatti Neto à CPI dos Atos Antidemocráticos, o ex-ajudante de ordens Mauro Cid deverá admitir que vendeu as joias da Presidência nos Estados Unidos e entregou o dinheiro ao então governante. As informações foram publicadas pela revista Veja nesta quinta (17), podem embasar uma possível prisão de Bolsonaro.
De acordo com a publicação, o advogado de Mauro Cid, Cezar Bittencourt, revelou que seu cliente pretende confessar à Justiça que realizou a venda de itens como relógios de luxos e joias e que Bolsonaro sabia que essas atitudes vão de encontro à legislação brasileira. Só as joias são avaliadas em R$ 1,1 milhão.
Em termos práticos, esses itens de alto valor foram presenteados por autoridades estrangeiras ao casal Jair e Michelle Bolsonaro durante viagens em que representavam o País. Pela lei, esses itens, por seus valores, deveriam entrar no acervo nacional em vez de se tornarem bens pessoais do casal.
No entanto, tudo indica que o casal não apenas apropriou-se desses bens, como, com o auxílio de auxiliares diretos, os venderam nos Estados Unidos para obter lucros financeiros. Além disso, a Polícia Federal (PF) acredita que, ao perceberem que haviam sido descobertos, Bolsonaro e seu grupo tentaram recomprar os itens às pressas e devolvê-los ao patrimônio público brasileiro.
A confissão de Cid corrobora a tese da PF e reforçaria o argumento de que o ex-ajudante foi quem “sujou as mãos” em detrimento de lucros para Bolsonaro.
“A relação de subordinação na iniciativa privada é uma coisa. O funcionário pode cumprir ou não. No funcionalismo público, é diferente. Em se tratando de um militar, essa subordinação é muito maior”, explicou Bittencourt à Veja.
Após a revelação do conteúdo da revista, o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes determinou a quebra do sigilo bancário e fiscal de Bolsonaro e Michelle. Além disso, o ministro do STF autorizou o pedido de cooperação internacional em que a PF solicita que as autoridades norte-americanas quebrem o sigilo bancário das contas norte-americanas dos investigados no caso das joias.
Para as jornalistas Andreia Sadi e Camila Bomfim, da GloboNews, Bittencourt confirmou que seu cliente pretende entregar o ex-presidente: “O dinheiro era de Bolsonaro, ele que mandou comprar, vender e o dinheiro era dele. O Cid ia ficar com esse dinheiro para quê? Ele era o ‘longa manus’”.