Por Reuters
O ex-presidente Jair Bolsonaro vai prestar nesta quinta-feira seu quinto depoimento do ano à Polícia Federal, agora no caso da suspeita de recebimento e venda irregular de joias sauditas, segundo fontes que acompanham o caso, em meio a um cerco de investigações que envolvem o ex-presidente e o receio de uma confissão ou delação do ex-ajudante de ordens Mauro Cesar Barbosa Cid.
A PF marcou o depoimento simultâneo de Bolsonaro, da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, de Cid e outras pessoas convocadas, conforme uma fonte da corporação.
O objetivo é evitar uma eventual combinação de versões entre os envolvidos, o que, se ocorrer, poderia até mesmo levar a uma prisão preventiva se isso for considerado obstrução aos trabalhos de investigação.
Bolsonaro e Michelle passaram os dois últimos dias em treinamento com a equipe de advogados e assessores na sede do Partido Liberal, em Brasília, preparando-se para os depoimentos, conforme uma fonte do partido a par das tratativas.
À PF, segundo duas fontes a par da estratégia de defesa de Bolsonaro, o ex-presidente deverá insistir que as joias sauditas recebidas eram presente de caráter pessoal, que havia um vácuo jurídico sobre sua posse e que também não havia nenhum impedimento legal em eventualmente se desfazer delas.
CONFISSÕES DO EX-AJUDANTE
A família do ex-presidente, conforme uma dessas fontes, está preocupada com uma eventual colaboração de Mauro Cid com a PF. O ex-ajudante de ordens prestou na sexta-feira e na segunda-feira longos depoimentos, conforme uma fonte policial, e há o receio entre aliados de Bolsonaro que ele esteja implicando o ex-chefe.
"Todos estão bem tensos com o que pode ter saído dessa delação ou confissão do Cid com a PF", disse a fonte.
A possibilidade do militar confessar crimes veio à tona no último dia 17 após reportagem da revista Veja ter dito que, além de admitir delitos, ele iria dizer às autoridades que agiu para cumprir ordens do então presidente no caso das joias.
Em público, de acordo com essa fonte, a ordem no clã Bolsonaro é demonstrar tranquilidade e argumentar que Mauro Cid pode falar qualquer coisa para tentar se livrar da cadeia e de futuras punições a ele e à sua família.
Mauro Cid está preso desde maio por suposto envolvimento em fraudes em cartões de vacina de Bolsonaro e outras pessoas.