Por Bruno Andrade
"Tarcísio e Zema são nomes para o futuro. Pode ser 2030, 2034. Já 2026 ainda não está definido", disse o ex-presidente Jair Bolsonaro em entrevista a rádio Itatiaia nesta sexta-feira (30). A fala acontece meio ao julgamento do ex-presidente no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que o deixou inelegível. Bolsonaro disse que vai recorrer da decisão no STF.
O comentário dá a entender que se Bolsonaro perder o recurso no STF, ele apoiaria Tarcísio ou Zema em uma provável disputa em 2026 contra o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
"Eu tive uma boa relação com Zema, só não nos acertamos no primeiro turno porque o partido dele tinha outro candidato. Se tivesse feito essa articulação lá atrás, o resultado poderia ter sido diferente", disse Bolsonaro.
Bolsonaro também foi questionado se sua esposa. Michele Bolsonaro poderia subtítulo em caso de condenação, mas ele vetou a possibilidade. "Existem prefeitos que tem dificuldade em articular com 9 vereadores, imagina uma pessoa inexperiente ao ter que articular com mais de 500 deputados", explicou.
Ele ponderou ainda que Michele possui habilidade política e que vai se lançar como candidata para o poder legislativo. "Ela vai ser candidata, mas não para cargos do poder executivo", afirmou.
A decisão sobre a inelegibilidade de Bolsonaro está com um placar de 3 votos a 1 contra ex-presidente após três sessões do julgamento.
A ministra Cármen Lúcia, atual vice-presidente do TSE e única mulher entre os julgadores, deve dar o voto para formar maioria pela condenação à perda de direitos políticos do ex-presidente nos próximos oito anos, a contar da eleição de outubro de 2022, sob a acusação de ter cometido abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação.
Cármen Lúcia tem respaldado decisões dos colegas do TSE para aplicar punições à chapa eleitoral encabeçada por Bolsonaro durante todo o processo eleitoral, segundo uma fonte da corte.
Na sessão de quinta-feira, a ministra fez uma espécie de desagravo ao relator da ação, Benedito Gonçalves, durante intervenção feita ao longo do voto do ministro Raul Araújo, único até agora que votou para absolver Bolsonaro. Disse que Benedito não usou a chamada "minuta do golpe" como base para punir o ex-presidente, ao contrário do que vinha fundamentando Araújo.
"O senhor (Raul Araújo) está excluindo a minuta, sem pertinência com o que o relator teria dito", afirmou a ministra, em fala que foi chancelada pelo próprio Benedito e pelo presidente do TSE, Alexandre de Moraes.
Além de Cármen Lúcia, ainda faltam votar Nunes Marques e o presidente do TSE, Alexandre de Moraes.
Bolsonaro nega qualquer irregularidade e sua defesa já disse que irá recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) se for considerado culpado pelo TSE.
“Não ataquei o sistema eleitoral, eu mostrei possíveis falhas”, disse Bolsonaro em entrevista à rádio Itatiaia nesta sexta-feira. "Esse julgamento não tem pé, nem cabeça".
(Com Reuters)