Por Reuters
O Banco do Brasil (BBAS3) prevê um crescimento robusto do crédito este ano, atingindo o limite superior da faixa esperada, impulsionado pela queda das taxas de juros e pelo programa de renegociação de dívidas do consumidor Desenrola, disse um executivo sênior do banco estatal nesta quinta-feira (14).
Após a revisão do banco de sua perspectiva de crescimento do crédito no mês passado de 8-12% para 9-13% em 2023, José Ricardo Sasseron, vice-presidente de Governo e Sustentabilidade Corporativa, disse ser "muito provável que nós estaremos perto da ponta superior."
Nas suas últimas projeções sobre o mercado de crédito, o Banco Central previu uma expansão de 7,7% nos empréstimos bancários este ano.
Em entrevista por telefone de Nova York, onde Sasseron promove a agenda de sustentabilidade do banco, ele disse que o BB deverá assinar na próxima semana convênios e parcerias com bancos de desenvolvimento para financiar no país ações que se inserem nessa pauta, incluindo empreendimentos comandados por mulheres, ações de sustentabilidade, reflorestamento, bioeconomia e energias renováveis.
Segundo Sasseron, pelo menos três negócios serão fechados, chegando "à casa de bilhão de dólares". Ele expressou otimismo em relação às perspectivas de crescimento do crédito no Brasil, em meio a melhoras consistentes das expectativas econômicas.
O conglomerado Banco do Brasil fechará esta semana com aproximadamente R$10 bilhões em dívidas renegociadas no programa Desenrola, com cerca de 1 milhão de clientes, disse Sasseron.
Lançado no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Desenrola incentiva negociações diretas com os bancos em troca de incentivos regulatórios para mais empréstimos.
"A questão do Desenrola com milhões de clientes voltando ao mercado de crédito, a economia reativando, as taxas de juros caindo ao longo do tempo, esse cenário vai ser muito positivo pra nós e o volume de operações de crédito com certeza vai aumentar", disse o executivo.
Na segunda e ainda pendente fase do Desenrola, da qual o banco também participará, o Tesouro dará garantias para negociações de dívidas de pessoas físicas que ganham até dois salários mínimos, ou R$2.640.
A missão do banco em Nova York, que inclui a participação em eventos do Pacto Global das Nações Unidas, coincide com o roadshow do Tesouro para a emissão dos primeiros títulos soberanos sustentáveis do país, conforme Lula procura fazer da agenda verde uma marca do seu terceiro mandato.
O Banco do Brasil, que já levantou US$750 milhões em títulos privados sustentáveis no primeiro semestre do ano, continuará de olho em tais operações, disse Sasseron, sem fornecer detalhes sobre o timing de eventual captação.
O volume total de operações de crédito do banco é de R$1,05 trilhão, sendo R$321,6 bilhões em crédito sustentável. A meta é atingir R$500 bilhões em crédito sustentável até 2030, acrescentou ele.