Quando um determinado item muda seu preço, paralelamente, sua quantidade demandada ou ofertada pode sofrer alterações. Estas variações definem o conceito de elasticidade, umas das principais variáveis de observação no campo da microeconomia.
A elasticidade é um conceito aplicável às definições de oferta e demanda e pode ser usada em vários contextos. Isto ocorre porque a elasticidade estuda a relação entre duas variáveis, em especial, as afetações ao preço e seus desdobramentos.
Nesse sentido, a elasticidade quantifica essas relações e observa os impactos que uma variável pode ter sob a outra. Assim, ela consegue medir as reações dos vendedores e consumidores (agentes de mercado) em condições de alteração de preços sobre os produtos (bens e serviços).
Além disso, dado o caráter deste conceito, atrelado ao campo da microeconomia, suas aplicações podem ser usadas para tomar boas decisões de investimentos, bem como a ponderação de seus efeitos sobre o comportamento do consumidor.
Em linhas gerais, a elasticidade é um conceito que identifica quantitativamente a variação da oferta e da demanda em um item quanto seu preço se altera. Assim, em essência, ela sempre trará esta oscilação em termos percentuais.
O conceito é derivado da teoria do economista Alfred Marshall, tido como o primeiro a trazer sobre a elasticidade econômica em sua obra intitulada Principles of Economics (Princípios de economia), publicado em 1890.
Sua expressão matemática é bastante simples. Para calcular a elasticidade de dois produtos basta aplicar a expressão:
E= Q%X%=Qf- QiQiXf- XiXi
Onde:
A equação padrão utiliza as variáveis quantidade e preço por se tratar do tipo de elasticidade mais conhecida. Entretanto, existem outras óticas como a da renda e da oferta que falaremos mais adiante.
Nesse sentido, o importante desta equação é reconhecer que a elasticidade quantifica a variação percentual entre a variação de duas variáveis. Esse conceito pode ser aplicado numa gama de situações.
Assim, verificamos que essa métrica retorna em quantos porcentos a variação do preço de um item afeta a variação da demanda em outro.
Se tratando de elasticidade, é muito comum encontrar informações sobre a elasticidade preço da demanda. Isto ocorre porque é a mais usual e simples de exemplificação.
Basicamente, a elasticidade preço da demanda demonstra a relação entre a quantidade buscada de um bem (demanda) e as oscilações de preço. Assim, ela resulta do cálculo da variação percentual da demanda em relação ao preço do produto.
Na análise da elasticidade sob a ótica da renda, a explicação do efeito se explica ao dizer que se o preço de um bem aumenta, o consumidor perde poder aquisitivo, perdendo poder de compra. Assim, o consumidor consegue comprar menores quantidades daquele bem com a mesma renda
Dessa forma, a elasticidade renda da demanda mede, a variação na quantidade demandada por um bem conforme a renda de um indivíduo varia.
Nesse sentido, é possível fazer uma classificação entre os bens dado essas oscilações. De forma resumida, para efeitos da análise da elasticidade, existem 3 tipos de bens:
Assim, cada um das classificações de bens terá uma variação diferente dada a sua sensibilidade na elasticidade.
A lógica da elasticidade preço da oferta é semelhante às vistas anteriormente. A principal mudança diz respeito à variável observada: ao invés da demanda, estamos olhando para a oferta.
Nesse sentido, a elasticidade preço da oferta mede a variação percentual da oferta de um bem de acordo com o preço deste mesmo bem. Sendo assim, essa verificação quantificada denota a sensibilidade que a oferta deste bem possui em relação ao preço.
Como regra de bolso, se postula que quanto maior o preço de um produto, mais tenderá a ser a quantidade ofertada desse bem.
Vale ressaltar que a elasticidade preço da oferta é muito utilitária para trazer insights sobre o fornecimento de um produto e sua relação com o preço. Nesse sentido, se sugere que quanto maior for a elasticidade preço, os ofertantes estarão mais sensíveis às mudanças de preço
Assim, um cenário em que a elasticidade preço estiver muito alta, o preço do item irá subir e os ofertantes irão diminuir a quantidade ofertada, ao passo que o contrário também é verdadeiro (elasticidade da oferta cai e os ofertantes aumentam a quantidade de oferta).
Como dito anteriormente, a elasticidade pode ser calculada para qualquer relação de variação percentual entre duas variáveis, nesse sentido, podemos mencionar outros tipo de elasticidade, como:
Em linhas gerais, o objetivo da elasticidade é identificar quantitativamente em termos percentuais a variação entre duas variáveis. Assim, em essência, ela mede em termos percentuais o quanto um produto varia em relação a variação de outro.
Sua interpretação é simples. Para exemplificar, vamos a suposição a seguir:
Imagine que você está estudando o cenário de alguns itens na economia e decidiu averiguar a elasticidade da demanda de biscoito. Para isso, você observou que há dois meses o biscoito custava 4,50 e hoje, está custando 5,60. Assim, houve uma variação percentual de 24,44% no preço:
Preço do biscoito (X) = 5,60 - 4,504,50 =0,24 ou 24,44%
Em algumas pesquisas você identificou que a procura por biscoito caiu de 5 para 4. Assim, houve uma variação percentual de 25% na demanda por biscoito:
Demanda por biscoito (Q) = 5 - 44 =0,25 ou 25%
Para averiguar a elasticidade da demanda, basta aplicar a fórmula e calcular:
E= Q%X% = 25%24,44%= 1,02
Assim, você encontra que a elasticidade da demanda do biscoito é de 1,02. Isso significa dizer que a variação na quantidade demandada de biscoito neste período é 1,02 vezes maior que a variação do preço do biscoito.
Além disso, para efeitos de interpretação, é importante atentar-se às classificações existentes entre elástica, inelástica e unitária:
Apesar dos conceitos de elasticidade estarem muito presentes na teoria da microeconomia, é possível aplicá-la no universo pessoal dos investimentos a partir da observação dos movimentos de mercado.
Na prática, podemos observar que a produção de bens inelásticos pode ser um indicador de vantagens competitivas para empresas, enquanto que bens elásticos podem indicar um mercado em forte concorrência.
Nesse sentido, quando pensamos em empresas que podem ser mais defensivas para a carteira, podemos pensar em empresas que possuem produtos com demanda inelástica (ex: farmacêuticas, empresas de telefonia, saneamento, energia).
Da mesma forma, se estivéssemos diante de incertezas com relação ao PIB, poderíamos diminuir a exposição a empresas que têm alta elasticidade renda da demanda (roupas, calçados, montadoras e varejo no geral).
Dessa forma, é de suma importância que o investidor tenha uma boa noção de elasticidade ao considerar as empresas nas quais vai investir, podendo assim ponderar melhor os riscos utilizando esse recurso.
Por fim, vemos que a elasticidade é um conceito aplicável a diferentes contextos, mas que em essência identifica quantitativamente a variação entre duas variáveis. Assim, ela mede em termos percentuais o quanto um produto varia em relação a variação de outro.
Apesar de sua maior aplicabilidade atrelada ao conceito de elasticidade preço da demanda, existem outras elasticidades que propiciam o uso em diferentes contextos.
Por fim, esses insights são importantes para acrescentar às análises de investimentos, servindo de arcabouço teórico e prático para tomada de decisões mais assertivas.