Por Luca Boni e Fabricio Julião
Os principais índices acionários operavam sem direção única em Nova York, com investidores digerindo dados mistos de inflação ao consumidor americano, que vieram levemente acima do esperado. O indicador alimenta as expectativas do mercado em relação à condução da política monetária pelo Federal Reserve.
Perto das 12h10, o Dow Jones, o S&P500 e o Nasdaq 100 avançavam 0,21%, 0,20% e 0,32%, respectivamente. Os rendimentos dos títulos do Tesouro americano de dez operavam estáveis aos 4,286%, e os de dois anos recuavam 1,9 pontos-base, a 5,005%.
Divulgado mais cedo, o núcleo do índice de preços ao consumidor dos Estados Unidos (CPI, na sigla em inglês), que exclui preços mais voláteis, como os de alimentos e energia, avançou 0,30% em agosto na base mensal, um pouco acima da alta de 0,20% esperada pelo consenso.
Segundo o co-fundador da Quantzed, Marcelo Oliveira, CFA, por conta do núcleo um pouco acima, é levemente negativo para os mercados. “Não acredito ainda que o dado seja suficiente para o Fed mudar a perspectiva do mercado de seguir sem uma outra alta residual nos juros”, completou.
As apostas para manutenção da taxa de juros americana entre 5,25% e 5,50% na reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) da semana que vem são ampla maioria. Para a reunião de novembro, cerca de 41% dos operadores preveem uma alta residual de 25 pbs, segundo negociações de derivativos na Chicago Mercantile Exchange (CME) desta manhã.
O Ibovespa acelerava o movimento de alta no início desta tarde, destoando do movimento fraco visto no exterior, com investidores reagindo aos dados de inflação ao consumidor nos Estados Unidos. Na cena local, pesa o vencimento de opções sobre o Ibovespa.
Por volta das 12h10, o principal índice da B3 apresentava uma alta de 0,91%, aos 119.045 pontos. O volume de negócios projetado para hoje é de R$16,8 bilhões, considerado mediano.
Divulgado mais cedo, o núcleo mais alto que o esperado do CPI, que avançou 0,30% antes 0,20% do consenso, influencia as negociações dos ativos.
Ainda no exterior, os temores entre os investidores aumentaram após o Banco Central Europeu (BCE) afirmar que espera uma inflação da zona euro acima de 3% em 2024, alimentando receios de estagflação e possibilidades de uma alta de juros na decisão de amanhã. No entanto, o mercado prevê manutenção dos juros em 4,25%.
Entre as ações, as ON da Weg, da Eletrobras e as PN do Itaú subiam 5,30%, 2,98% e 1,23%, respectivamente sendo as maiores contribuidoras por pontos do Ibovespa. Os papéis da Weg reagem à parceria anunciada com a Petrobras para projetos de energia eólica offshore.
As maiores altas percentuais do Ibovespa ficavam por conta das ON do Carrefour, da Lojas Renner e da Arezzo, que subiam, nesta ordem, 4,64%, 4,12% e 4,18%.
Na ponta oposta, as ON da Ultrapar e as ON e PN da Petrobras recuavam 2,30%, 0,24% e 0,39%, respectivamente, sendo as maiores detratoras do Ibovespa.
Entre as maiores quedas percentuais, figuravam as ON da 3R Petroleum e da Marfrig, que recuavam 1,94% e 1,05%, nesta ordem.
As taxas de contratos futuros de juros seguiam o ritmo de queda das últimas duas sessões. A curva dos DIs operava em linha com o rendimento das Treasuries americanas, que caíam levemente.
Por volta das 12h10, DIs com vencimentos em jan/24 e jan/25 recuavam 1,5 pb e 36,5 pbs, respectivamente, a 12,28% e 10,37%. Já os vértices para jan/27 e jan/31 caíam 7,5 pbs e 8,0 pbs, na mesma ordem, a 10,23% e 11,08%,.
As quedas se devem ao aumento das apostas em uma aceleração dos cortes da Selic no fim do ano. Dados de opções de Copom na B3 de hoje mostram que 41% acredita em uma redução de 75 pontos-base na taxa básica de juros na reunião de dezembro, contra 42% em diminuição de 50 pontos-base.
A desaceleração da inflação de serviços, registrada no IPCA, que passou de 5,63% em julho para 5,43% em agosto no acumulado em 12 meses, animou os investidores.
O dólar caía ante o real nesta quarta-feira, em razão de uma entrada maior de fluxo estrangeiro no Brasil.
Perto das 12h10, o dólar à vista recuava 0,87%, a R$4,9045, enquanto o dólar futuro tinha queda de 0,91%, a R$4,97.
No exterior, a moeda americana apresentava desempenho ligeiramente positivo, superando 12 das 22 divisas, dentro da cesta de moedas acompanhada pela Mover. O Índice DXY subia 0,17%, aos 104.720 pontos.
O índice de preços ao consumidor nos EUA levemente acima do esperado impulsionou o dólar diante dos pares, devido à expectativa de novas altas de juros do Federal Reserve. Além disso, novos dados de atividade econômica na Europa colaboram para a queda do euro e da libra esterlina.