Por Vinicius Marson*
Nos últimos anos vimos empresas que surgiram do nada e se tornaram extremamente importantes para a economia brasileira, como Ifood, Nubank, 99taxi, Gympass, Quinto Andar, dentre outras como mostra a imagem abaixo:
Durante esse período a expressão "startup unicórnio" se tornou muito utilizada pelas mídias para descrever essas empresas.
Um startup unicórnio é uma empresa emergente que atinge um valor de mercado de pelo menos 1 bilhão de dólares antes de abrir capital na bolsa de valores. O termo "unicórnio" foi criado em 2013 pela investidora Aileen Lee, referindo-se ao fato de que empresas com essas características serem raras, assim como unicórnios mitológicos.
Essas empresas utilizam o valor recebido como investimento para crescer rapidamente a sua operação, de forma a conquistar mercados mais rapidamente e garantir o domínio antes que outras soluções possam ocupar o mercado, deixando para pensar na sustentação por conta própria apenas no futuro.
Veja as características de uma startup unicórnio:
Com o avanço tecnológico houve um aumento na adoção de tecnologias em nuvem, soluções PaaS (plataforma como serviço), SaaS (software como serviço), além de novos frameworks de desenvolvimento que permitiram que essas startups se tornassem mais rápidas, perante empresas já consolidadas, na adoção dessas tecnologias.
Além disso, também ocorreu uma maior adaptação da sociedade perante o uso de novas tecnologias. Falar em pedir um táxi ou manicure por aplicativo em 2011 era algo extremamente surreal, dado que apenas 4% da população tinha acesso a smartphones com dados móveis. Hoje em dia é algo extremamente normal e presente na vida dos brasileiros.
Durante esse "boom" das startups, várias empresas conseguiram captar investimento para sustentar suas operações visto que os investidores estavam entusiasmados com a possibilidade de entrar em um negócio que pudesse vir a se tornar um unicórnio, além de estarem vendo a rápida adoção da população a essas soluções. Porém o que não era esperado pelos empreendedores e investidores era a Crise da Covid 19.
Com a chegada do vírus, várias startups se viram com dificuldade de captação de novas rodadas para se manter funcionando, ao mesmo tempo em que não tinham condições de serem sustentáveis a curto prazo.
O que transformou o "boom" de startups em um "boom" dos layoffs (corte de pessoas).
Até mesmo as startups unicórnio se viram em uma condição de precisar "enxugar" o time para conseguir maximizar os lucros nesse momento de crise.
Após esses acontecimentos o mercado de investidores de startup tem virado o olhar para outro tipo de empresa, começaram a buscar as que possuem um grande potencial de crescimento e inovação, mas além disso, a capacidade de se sustentar sem a necessidade de grandes aportes. Essas startups são chamadas de "camelo".
O termo é uma expressão humorística que contrasta com o conceito de unicórnio, referindo-se a startups que estão caminhando devagar em seu crescimento, em oposição à rápida expansão associada a unicórnios.
Veja as características de uma startup camelo:
Em resumo, a principal diferença entre a startup unicórnio e a startup camelo é o ritmo e magnitude de crescimento, com as primeiras sendo empresas que alcançam avaliações de mercado muito altas com crescimento rápido e, as segundas, caracterizadas por um crescimento mais lento, mas sustentável.
É importante ressaltar que não existe uma questão de melhor ou pior, ambas existem e possuem suas vantagens e desvantagens, além do fato de serem melhor alocadas para diferentes estratégias.
Por exemplo, no caso das startups que possuem um modelo de negócio disruptivo e com um grande addressable marketing, termo utilizado para definir a demanda do mercado por um produto ou serviço, muitas vezes faz mais sentido aplicar a estratégia de expandir para conquistar do modelo dos unicórnios, para garantir o maior acesso a esse addressable marketing antes que algum concorrente o faça.
Mas, caso o addressable marketing não seja tão grande, faz mais sentido tentar criar um padrão de crescimento mais consistente, tentando aos poucos mostrar o seu potencial competitivo e de inovação no mercado enquanto luta para ganhar espaço.
*As opiniões dos colunistas do FLJ não refletem a posição do veículo.