Coluna
Publicado em
7/2/2023 10:14

Quando será o momento de adicionar risco à carteira?

Recentemente tivemos a decisão do Copom em manter a taxa de juros Selic estável em 13,75%
Componente decorativo no bloco representando as cores do FLJ.
Unsplash

Por Artur Losnak

Todo mundo viu que de maneira geral todos os ativos de risco sofreram com essa alta de juros e a pergunta que fica é: quando os ativos vão parar de sofrer? Quando eles param de cair, justificando que o investidor amplie o risco em carteira?

Antes de tudo, vamos fazer uma retrospectiva. Na esteira da pandemia, os bancos centrais ao redor do mundo derrubaram as taxas de juros e incentivaram o consumo com auxílios fiscais. Isso acabou gerando inflação - que foi piorada pela guerra na Ucrânia - e os juros voltaram a subir.

Antes disso, passamos por uma década de juros muito baixos e, infelizmente, o mercado financeiro se acostumou com isso. Qualquer eventual queda era encarada como “caiu, comprou”. O mercado deixou de dar atenção a indicadores muito básicos como lucratividade ou geração de caixa das empresas e se focou em crescimento de participação de mercado e números de usuários.

Agora a maré virou. Vemos diversas empresas realizando cortes e focando em maior lucratividade nos últimos meses.

Voltando à pergunta original, quando é a hora de comprar? Quando tem sangue nas ruas.

Hoje sim, temos sangue nas ruas, mas na minha visão o pior ainda não passou.

De maneira geral, o processo de alta de juros demora em torno de 6 meses para surtir efeito na economia (e a Selic está em 13,75% desde agosto/22). Então, podemos concluir que a economia já está sentindo o impacto da alta de juros.

Mas há algo chamado auxílio fiscal, que aumenta a renda das pessoas no momento em que o Banco Central quer reduzir a inflação. Com isso, precisaremos conviver com juro alto por mais tempo para efetivamente domar a pressão inflacionária.

Ao virar o ano (de 2022 para 2023), o Banco Central “desiste” de olhar para a inflação do ano corrente (2023) e passa a tentar levar para a meta a inflação do ano seguinte (2024).

Atualmente a inflação projetada para 2024 está acima da meta de 3,0%.

Assim que tivermos maior previsibilidade fiscal e a inflação ao menos sinalizar a convergência para a meta, certamente o Banco Central terá conforto em reduzir os juros. E quando é esse prazo? Tudo dando certo, teremos um arcabouço votado pelo Congresso no primeiro semestre de 2023. E, no segundo semestre, já teremos 1 ano sob Selic de 13,75%.

Então, sendo otimista, há espaço para cortes de juros no final do terceiro trimestre de 2023 ou no começo do quarto trimestre.

Obviamente, o mercado adora antecipar movimentos e, olhando para o passado, ele tenta antecipar em média em 6 meses o efetivo corte de juros da Selic. Como temos um desafio chamado arcabouço fiscal a ser endereçado conjuntamente, entendo que isso precisa ser resolvido para viabilizar um corte de juros

Supondo que o corte de juros se inicia em setembro/23 e o arcabouço fiscal seja endereçado em junho/23, podemos dizer que um momento bom para tomar risco seria em julho/23, no começo do segundo semestre deste ano.

*O conteúdo da coluna é de responsabilidade do colunista e não reflete o posicionamento do FLJ

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