Por: Márcio Aith
Lula III estreou no cenário internacional com pitacos dispensáveis sobre o conflito na Ucrânia e opinião polêmica sobre a Guerra entre Israel e o Hamas.
Nenhum desses assuntos é próximo do Brasil e o que foi visto como eventual delírio de grandeza felizmente não se voltou contra o país, a não ser na forma de piadas.
Mas agora, dizem dois relevantes ex-embaixadores, o presidente Lula tem um problema sério no seu quintal. Vai precisar mais do que o gogó para impedir ser, ele próprio, a primeira baixa de uma possível guerra entre a Venezuela e a Guiana pelo território de Essequibo. Os dois países fazem fronteira com o Brasil em Roraima.
Um possível conflito mostraria a incapacidade de Lula de conter tensões em sua própria região. O Brasil sairia diminuído aos olhos dos Estados Unidos (que apóiam a Guiana, mas não querem o conflito) e a Rússia (pró-venezuela,mas consumida pela guerra contra a Ucrânia).
Sairia fortalecida, enfim, a imagem de “anão diplomático” com a qual a diplomacia de Lula já foi ironizada por israelenses. Lula já ofereceu o território brasileiro para negociações entre os dois lados. É um começo.
Mas, para mediar, ele precisa ser convidado pelas duas partes do conflito - o que ainda não ocorreu.
O ideal, aliás, é que a liderança brasileira fosse capaz de encerrar o assunto sem mesmo uma mediação formal.
Senado quer premiar o passado; governo quer punir o futuro
Não é piada não. O Senado quer estender subsídios para carros à combustão fabricados no Nordeste, no âmbito da Reforma Tributária. Sim. À combustão. Que emitem poluentes. Quer premiar suas montadoras. Enquanto isso, vejam só, o governo brasileiro já decidiu retomar o imposto de importação para carros elétricos, híbridos e híbridos plug-in, já a partir de janeiro de 2024.
Ou seja: o Brasil estimula o atraso.
O setor automobilístico brasileiro vive um drama real e existencial. Real pelo desastre econômico e pandêmico que fez com que mais de dez montadoras fechassem fábricas ou deixassem o país na última década. Afinal, o Brasil nunca soube dimensionar sua demanda interna, inserir-se na cadeia global de produção nem ofereceu a seus consumidores carros verdadeiramente de qualidade.
Só que o problema agora virou um dilema. Agora sabe-se que, para além de não solucionar graves crises de sua cadeia automotiva tradicional, o Brasil insiste em estimular a poluição enquanto pune o futuro.
O tributo sobre os elétricos, segundo o governo, pretende atrair a instalação de fábricas estrangeiras. De fato, começam em breve a ser produzidos em Camaçari os BYD Dolphin, carros elétricos urbanos chineses que, lançados no país no final de junho, já bateram recordes de emplacamentos, se tornando os mais vendidos.
Mas não se encante. Não é por causa da volta do tributo sobre os elétricos que os chineses vieram. É um fenômeno normal de mercado. O mais provável é que, com a volta do imposto de importação, o país afaste nossos consumidores das melhores e mais limpas tecnologias.