Por: Márcio Aith
A imprensa mundial, em suas análises, praticamente enterrou as chances de um acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul. Razões para isso não faltaram.
Primeiro, o presidente francês, Emmanuel Macron, disse, justo após um encontro com o presidente Lula, às margens da Conferência da ONU sobre o Clima em Dubai, que o acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia era "mal remendado" e que "não levava em conta a biodiversidade e o clima".
Depois, conspirou para as análises desoladoras dos jornalistas a posição do presidente eleito argentino, Javier Milei, que promete tirar de vez o seu país do Mercosul, esvaziando o bloco da América do Sul ao negociar diretamente com os europeus.
Mas, contra todos esses indícios, o governo brasileiro ainda acha bastante viável um acordo entre os dois blocos. E tem argumentos para isso, conforme listou ao FLJ um funcionário bem graduado do Ministério das Relações Exteriores.
Segundo ele, declarações de Macron são para o público interno dele, e não interferem no mandato que a Comissão Europeia tem para fechar o acordo com o Mercosul.
Com relação à Argentina, o funcionário brasileiro lembrou que a futura chanceler da Argentina, em visita ao Brasil, disse o contrário do que prometera seu chefe durante a campanha eleitoral.
Diana Mondino, indicada por Milei, reconheceu a importância do acordo do Mercosul com a União Europeia e disse querer finalizar as negociações o mais rápido possível. “Antes que me perguntem, estamos conversando sobre a importância que tem de assinar o Mercosul o quanto antes”, declarou, depois de se reunir com o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira. “Mercosul-União Europeia e eventualmente com outros países, como Singapura”.
Em resumo, informa o Ministério das Relações Exteriores, somente após a posse de Milei, na próxima segunda-feira, veremos para onde o vento vai soprar.
Por enquanto, o Brasil acredita no inacreditável.